85 mil empregos em risco, 45 mil apenas na Bahia

Foto: Reprodução
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Já há alguns meses venho acompanhando as discussões sobre a negociação entre Petrobras e Braskem sobre o fornecimento de nafta, uma das principais matérias-primas da indústria química. Meu grande interesse pelo assunto não se deve apenas ao fato de ser química e ter acumulado grande experiência no setor e, portanto, saber da enorme importância que essa negociação representa não apenas à indústria química, mas à economia do meu estado e do País.

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O fornecimento de matéria-prima competitiva é um dos fatores essenciais para incentivar o crescimento da extensa cadeia produtiva do setor e, consequentemente, dos diversos segmentos que utilizam produtos químicos, como construção civil, automobilístico, higiene pessoal, apenas para citar alguns.

O setor químico é o quarto maior do Brasil, representando cerca de 10% do PIB Industrial e 2,8% do PIB brasileiro. Segundo estudo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o faturamento da indústria química brasileira em 2014 foi de R$ 356,5 bilhões. Esses números expressivos tornam o segmento um dos mais importantes e dinâmicos da economia brasileira.

É nesse contexto que se insere a indústria química baiana, responsável por parte expressiva de tudo o que é produzido no País. O segundo Polo Petroquímico do País foi instalado no estado da Bahia no início da década de 70 onde se estruturou uma cadeia produtiva de grande valor. Apenas no estado da Bahia, há 66 plantas químicas instaladas. A Bahia representa quase 25% dos postos de trabalho deste segmento no Brasil.

De acordo com Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), o Polo Petroquímico da Bahia emprega cerca de 15 mil pessoas diretamente e 30 mil através de empresas contratadas. O faturamento é de, aproximadamente, R$ 58 bilhões/ano (US$ 15 bilhões/ano), e é responsável pela exportação de 30% do total exportado pela Bahia, respondendo por cerca de 20% do PIB do estado.

O setor, que ocupa o 6º lugar entre os maiores do mundo, tem perdido produtividade e oportunidades de crescimento nos últimos anos. Por isso, depende de estímulos e incentivos para a retomada de seu desenvolvimento.

O primeiro elo desta extensa e diversificada cadeia industrial começa no setor petroquímico, cuja base é a nafta. Semana passada mais um aditivo foi firmado pela Petrobras e Braskem desta vez com o prazo de 45 dias, o que não corresponde à real necessidade do setor para viabilizar novos investimentos.

Sem a garantia do fornecimento em longo prazo de matéria-prima a custos competitivos, deixam de existir as condições básicas para a implantação de um setor químico forte e diversificado e que continue contribuindo para geração de riqueza e de empregos no nosso país. Consequentemente, não apenas deixaremos de ser competitivos para atrair novos investimentos, como também corremos o risco de ver grandes indústrias petroquímicas brasileiras fechando, impactando diretamente na balança comercial e na geração de empregos.

De acordo com a Abiquim, o fechamento de uma das três centrais petroquímicas do Brasil representaria a perda de aproximadamente 10 mil empregos indiretos e terceiros e 75 mil empregos indiretos, uma vez que o impacto seria sofrido em diferentes regiões do Brasil.

Por isso, venho expressar a minha grande preocupação, como constante defensora do trabalhador brasileiro, deputada representante do povo baiano, cidadã brasileira e química, com as negociações sobre o fornecimento de uma matéria-prima essencial para um setor tão importante para o meu estado e o meu país. A Frente Parlamentar da Indústria Química, da qual sou membro, apela para a Petrobras que agilize o novo contrato com as condições necessárias já apontadas pelas indústrias químicas.

*Moema Gramacho – Deputada Federal (PT-BA) – Membro da Frente Nacional da Indústria Química

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