Após negligência de patroa, filho de doméstica morre ao cair do nono andar

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O corpo do menino de cinco anos que morreu ao cair do nono andar da sacada de um prédio em Recife, Pernambuco, foi velado na quinta-feira, 4. Miguel Otávio Santana da Silva é filho de uma empregada doméstica que trabalhava no apartamento do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker, e da primeira-dama, Sari Corte Real, e teria sofrido o acidente por negligência de Sari, suspeita de se omitir nos cuidados do menino no momento em que a mãe estava estava trabalhando para ela.

Segundo informações do Uol, tudo começou quando a mãe do menino, Mirtes Renata Souza, saiu do apartamento dos patrões, no quinto andar, para passear com o cachorro da família no térreo e deixou o menino aos cuidados da patroa. Momentos depois, ele entrou no elevador sozinho, à procura da da mãe e acabou indo para o nono andar, onde sofreu a queda. Imagens de câmeras de segurança, mostram que a criança apertou diversos botões do elevador.

A polícia ainda investiga como Miguel chegou ao elevador, mas um vídeo compartilhado pelo deputado federal Túlio Gadêlha indicam que Sari chegou a acompanhá-lo até a porta do equipamento e aparentemente, apertar alguns botões, primeiro, para bloquear a porta e depois, para outro local que as imagens não mostram. No entanto, após a porta ser liberada, ela deixa o menino sozinho no elevador. Há uma discussão entre saber se Sari apertou ou não o andar que o menino desceria, a qual ela nega.

Em seguida, a porta do elevador abriu pela primeira vez, mas Miguel não saiu. Ele só deixou o elevador quando a porta abriu novamente no nono andar. Segundo o Uol, a análise da perícia sugeriu que o menino escalou a grade do guarda-corpo, que é de alumínio, mas que a estrutura não aguentou o peso e quebrou, fazendo com que ele despencasse de uma altura de 35 metros. O local, utilizado para guardar condensadores de ar-condicionado, não é de frequente circulação de moradores.

A sacada da área comum não tinha nenhum tipo de proteção. Miguel chegou a ser socorrido por um médico que mora no condomínio, mas morreu a caminho do hospital da Restauração, localizado no bairro do Derby.

A doméstica contou que os patrões não a obrigaram a ir trabalhar durante a pandemia, mas que continuou por necessidade e que no dia do acidente, precisou levar o filho junto. Ela lembrou que na hora de levar o cachorro para passear, Miguel e a filha da patroa insistiram para ir junto, mas que ela não permitiu porque eles “estavam aperreando”. No entanto, ela chegou a garantir que se comportassem, passeariam mais tarde. Na volta ao prédio, soube que o filho havia caído.

“Ela confiava os filhos dela a mim e a minha mãe. No momento em que confiei meu filho a ela, infelizmente ela não teve paciência para cuidar, para tirar [do elevador]. Eu sei, eu não nego para ninguém: meu filho era uma criança um pouco teimosa, queria ser dono de si e tudo mais. Mas assim, é criança. Era criança”, disse Mirtes, que pediu demissão no mesmo dia da morte do menino, em entrevista à Globo.

Na entrevista, Mirtes lamentou ainda que Sari não tenha sido exposta publicamente. “Se fosse eu, meu rosto estaria estampado, como já vi vários casos na televisão. Meu nome estaria estampado e meu rosto estaria em todas as mídias. Mas o dela não pode estar na mídia, não pode ser divulgado”, criticou. A Polícia Civil alegou que estava cumprindo a Lei de Abuso de Autoridade.

Sari foi detida pelo crime de homicídio culposo (sem intenção de matar), mas pagou uma fiança de R$ 20 mil e responderá em liberdade. Em coletiva, a polícia civil afirmou que ela inicialmente, tentou fazer Miguel desistir de ir procurar a mãe, mas acabou cedendo. O condomínio também poderá ser processado, se comprovada falha de segurança no local.

Revoltada, Mirtes pediu justiça. “Espero que a Justiça seja feita, porque se fosse o contrário, eu acredito que nem teria direito a fiança. Foi uma vida que se foi, por falta de paciência para tirar dali de dentro. Deixar uma criança sozinha dentro de um elevador, isso não se faz. Uma criança que foi confiada a ela”, afirmou.

A Delegacia Seccional de Santo Amaro investiga o caso, que está entre um dos mais comentados nas redes sociais.

Fonte: A Tarde

Outras Notícias