Centro Histórico de Salvador sob ameaça

(Foto: Divulgação)
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Mais um monumento do valioso patrimônio arquitetônico do Centro Histórico de Salvador vai ao chão. Desta feita é um casarão localizado na Rua Professor Viegas, que estava interditada ao tráfego de veículos há mais de uma semana, diante da ameaça de desabamento do imóvel.

O casarão em ruínas será demolido no próximo sábado pela Defesa Civil de Salvador, após parecer favorável do IPAC, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. O proprietário do imóvel chegou a ser acionado pela Prefeitura da capital, mas alegou falta de recursos para promover a recuperação do casarão.

O caso reacende a discussão sobre a preservação do rico acervo arquitetônico colonial de Salvador. Embora parte dele – a área do Pelourinho – seja reconhecido pela Unesco como patrimônio da Humanidade, o conjunto vem perdendo exemplares ano a ano, devido a sucessivos desabamentos e incêndios.

As causas desse enorme prejuízo são o abandono a que os imóveis são relegados por seus proprietários e a falta de recursos dos órgãos de preservação do patrimônio histórico e artístico nas três esferas de poder para recuperá-los antes que se transformem em ruínas, que acabam sendo demolidas – inclusive para que não caiam sobre imóveis vizinhos, sem falar na ameaça à vida das pessoas.

A destruição gradativa desse rico patrimônio é um prejuízo enorme para a memória nacional, em seus aspectos culturais e históricos. Mas também para o turismo cultural, um o segmento que está mais em alta no mundo.

Veja-se o exemplo da cidade de Cracóvia, na Polônia, com seu rico patrimônio arquitetônico, que atrai cerca de 11 milhões de turistas por ano, enquanto o Brasil inteiro recebe apenas 6 milhões de visitantes.

É fundamental e urgente, sobretudo nesse período de crise econômica que o país atravessa, a concepção de um novo modelo financeiro para a recuperação dos imóveis em ruínas no Centro Histórico de Salvador, cada vez mais ameaçado. E também a criação de um novo modelo de gestão para assegurar a sustentabilidade do conjunto como um todo.

Afinal, não basta só recuperar. É preciso também um estudo de viabilidade econômica para que cada casarão recuperado possa atrair investimentos e assegurar sua sustentabilidade, com um modelo de governança diferenciado e eficiente.

*José Carlos Teixeira é jornalista e especialista em marketing político

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