Artimanha para tornar ACM Neto inelegível vira bicho e ameaça comer o dono

teixeira foto nova

José Carlos Teixeira*

“Não é sábio aquele que se acha sabido”

(Mãe Stella de Oxóssi)

 

Sabedoria demais vira bicho e come o dono, reza um antigo provérbio português, bastante conhecido em todo o Brasil. Pois bem, já estão nascendo pelos, garras e enormes dentes numa manobra urdida nos porões da Câmara Municipal de Salvador para tornar inelegível o ex-prefeito ACM Neto, pré-candidato do partido União Brasil a governador da Bahia, que vem liderando a disputa, conforme todas as pesquisas de intenção de voto divulgadas até agora.

O roteiro da artimanha, segundo informou a edição de domingo do centenário jornal A Tarde, conduziria à reprovação das contas da Prefeitura de Salvador referentes ao exercício de 2017, de responsabilidade de ACM Neto, pela Câmara de Vereadores. Isso não obstante o fato de tais contas terem sido aprovadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios, ainda que com ressalvas, em dezembro de 2018.

O objetivo final da trama seria enquadrar o candidato da oposição na Lei da Ficha Limpa, tornando-o inelegível, de modo a tirá-lo da disputa e, dessa forma, abrir caminho para o candidato governista, o petista Jerônimo Rodrigues, que ainda patina nas pesquisas eleitorais.

O script do ardil foi gestado pelo presidente da Câmara, Geraldo Júnior, em conluio com a vereadora petista Marta Rodrigues, que é presidente da Comissão de Finanças, Orçamento e Fiscalização. Geraldo, do MDB, é o candidato a vice de Jerônimo, e Marta é irmã do candidato a governador. Ou seja, tudo em família.

Alardeada na manchete dominical do jornal, a suposta ameaça à candidatura oposicionista não foi levada a sério por ninguém da oposição. Quando muito, foi considerada como um tiro no pé – não no pé de Geraldo ou de Marta, mas no pé de Jerônimo, o cabeça da chapa governista, pois a todos pareceu mais um sinal de desespero de quem está atrás na disputa.

Enfim, mais que uma fake news, estamos diante de uma verdadeira trapalhada.

Não tem nada a ver, mas lembrei que em 2006, quando dois integrantes do PT foram apanhados tentando negociar um falso dossiê que ligava José Serra e Geraldo Alckmin – os candidatos tucanos ao governo de São Paulo e à Presidência da República, respectivamente – ao chamado escândalo dos sanguessugas, Lula não vacilou: “São uns aloprados”, disse.

 

*José Carlos Teixeira é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político pela Universidade Católica do Salvador.

 

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