O historiador, especialista em Gestão de Políticas Públicas e membro da Rede de Observatórios de Segurança, Dudu Ribeiro, afirmou ao programa Altos Papos, nesta quarta-feira (13), que a recente onda de violência em Salvador é resultado de uma repetição de estratégias de combate à violência que não produziram bons resultados. Para o pesquisador, o problema, na Bahia, está relacionado ao modelo de gestão da segurança pública.
“A Bahia se destaca pela precária produção e transparência de dados na segurança pública. Não é possível fazer uma boa política pública se você não consegue ter uma visão adequada da realidade. Desta forma, permanece uma lógica de repetição de estratégias e táticas já equivocadas que não são baseadas em ciência e dados, e isso não vai solucionar os problemas que estão cada vez mais complexos no cenário de violência baiana”, afirmou.
De acordo com a Secretaria de Segurança da Bahia, as ações de inteligência e repressão contra facções criminosas estão em curso. O Governador, Jerônimo Rodrigues, chegou a negar a possibilidade de aceitar uma intervenção federal para controlar o quadro de violência em bairros de Salvador. Segundo Ribeiro, a postura do governador é correta, já que, intervenção federal não é uma medida capaz de solucionar o problema.
“Nós já experimentamos intervenção federal na segurança pública e não funcionou porque isso não é atuar para solucionar o problema. É muito mais uma perspectiva de propagandear o militarismo e sequestrar o orçamento público para o setor militar e não para o fortalecimento do poder civil, e isso compromete a democracia. A crise de segurança pública é uma crise de modelo, e precisamos analisar como mudar o modelo”, informou.
A Bahia lidera o ranking nacional de mortes violentas. No ano passado, foram registrados mais de 6.600 assassinatos no estado, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
