Balconista é espancado e morre afogado ao fugir de bandidos

A dupla de torturadores acusou o jovem de fazer parte da facção criminosa rival (Foto: Divulgação/ARquivo Pessoal)
A dupla de torturadores acusou o jovem de fazer parte da facção criminosa rival (Foto: Divulgação/ARquivo Pessoal)
A dupla de torturadores acusou o jovem de fazer parte da facção criminosa rival (Foto: Divulgação/ARquivo Pessoal)
A dupla de torturadores acusou o jovem de fazer parte da facção criminosa rival (Foto: Divulgação/ARquivo Pessoal)

Demerson dos Santos de Souza, balconista de 22 anos, que não sabia nadar, fugia de dois homens que haviam amarrado suas mãos, lhe espancado e torturado o seu amigo William na sua frente. Desapareceu no rio, e só teve o corpo encontrado neste último sábado (19). O sofrimento da família dele durou até ontem (23), quando um exame de DNA finalmente confirmou que o corpo resgatado do rio Joanes era do rapaz. Nesta quinta-feira (24), véspera de Natal, o corpo de Demerson será sepultado em Acajutiba – Região Nordeste Baiana. O amigo da vítima, identificado apenas pelo prenome William, também foi agredido e baleado pelos bandidos, mas sobreviveu para contar a história.

Funcionário de uma panificadora em Camaçari, o balconista estava em casa com a namorada na noite do dia 16 de dezembro quando recebeu uma visita. Um amigo pediu para que Demerson, que tinha tirado a carteira de motorista recentemente, buscasse a sua irmã na Faculdade Metropolitana de Camaçari (Famec). De acordo com a família da vítima, o jovem tinha uma Pop 100 e concordou em prestar o favor ao amigo. Após deixar a garota em casa, ele topou com um outro amigo, William, que propôs uma viagem até Salvador para visitar umas meninas. A disposição em ajudar não é estranha aos que conheciam Demerson: “Ele não tinha opinião própria. Se chamasse, ele ia para qualquer lugar, mesmo contra a vontade dele”, diz o amigo Jadilson Oliveira Reis, 20 anos, auxiliar administrativo.

Sem querer pagar o pedágio, os jovens pegaram um atalho pela Estrada das Cascalheiras e entraram por uma comunidade chamada Cajazeira, que desemboca no bairro de Portão, em Lauro de Freitas. Foi aí que a noite até então calma do balconista de Camaçari começou a desandar. Demerson, com William na garupa, entrou com a moto em uma rua sem saída em Portão. Ao perceber o engano e fazer o retorno, eles foram barrados por dois homens armados. A dupla amarrou as mãos dos amigos e começou uma sessão de espancamento.

Os dois jovens foram agredidos a chutes, socos e pontapés. Algumas das unhas da mão de William também foram arrancadas pelos criminosos. Ele relatou à família e amigos da vítima que só então os bandidos perguntaram onde eles moravam. Ao ouvir que o balconista e o amigo eram de Camaçari, a dupla acusou os jovens de fazer parte da facção criminosa Caveira, rival da facção Comando da Paz, que comanda o tráfico de drogas no bairro de Portão. Ainda segundo a família da vítima, eles negaram envolvimento com o grupo, mas não adiantou.

Usando o celular de Demerson, a dupla ligou para o líder da área, identificado apenas como Coroa, e relatou a situação. “Depois de torturar, ligaram para o tal Coroa, que mandou matar os dois. Quando Demerson escutou isso, ele conseguiu soltar a corda e correu em direção ao rio. Os bandidos atiraram e ele caiu, mas não se feriu e pulou no rio”, relata o amigo Jadilson Reis. Quando William percebeu a distração, também conseguiu se soltar. Durante a fuga, ele foi baleado na nuca, e a bala ficou alojada atrás da sua orelha. Mesmo ferido, o rapaz escapou e correu até a estação de ônibus de Portão, onde pediu ajuda a um motorista de ônibus e foi socorrido para o Hospital Menandro de Farias. Os dois homens que agrediram e torturam Demerson e William, supostos integrantes da facção Comando da Paz, ainda não foram identificados.

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