Cantor Jau diz que foi barrado em restaurante e alega racismo

Cantor Jau

“É a primeira vez, é doído e é duro. A gente tem que gritar, abrir a boca, porque estou em um lugar de cidadão comum e eu sou um cidadão comum, mas a minha profissão acaba me dando certo privilégios”. Foi com sentimento de revolta que o cantor Jau deixou a delegacia da Barra, em Salvador, após acusar um estabelecimento da capital baiana de racismo.

Segundo o artista, ele teria sido barrado no restaurante Sette, que fica na ladeira da Barra, por causa da roupa que vestia. A situação aconteceu na noite de ontem (2) e o vídeo em que o artista relata o caso viralizou nas redes sociais.

Na tarde de hoje (3), o artista procurou a delegacia da Barra e registrou o caso. O restaurante que supostamente impediu a entrada do cantor deu uma versão diferente da relatada pelo artista. “Eu fui impedido de adentrar ao restaurante por causa da minha indumentária e aí eu perguntei a moça que estava falando comigo lá, o que tinha na minha indumentária que impedia minha entrada no estabelecimento”, afirmou Jau após prestar depoimento.

Em entrevista, o cantor revelou que foi barrado pela recepcionista do estabelecimento. Após entrar em contato com a empresária, os funcionários chegaram a chamar o músico para retornar ao restaurante, mas ele não aceitou. “Ele disse: ‘Era Jau, era Jau, manda ele voltar que ele pode entrar’. Ou seja, um cidadão comum não pode, mas um artista que não foi reconhecido naquele momento poderia voltar e entrar com o chapéu ou com a indumentária que estava?”, revelou o cantor.

De acordo com Jau, a atitude de o chamar de volta o revoltou, já que ela só teria sido tomada por ele ser um artista. “Eu me vi na pele de um cidadão comum baiano. Um cidadão comum, negro, brasileiro, que é silenciado dos seus direitos. Não poder entrar em um restaurante, porque você tema pele x, a etnia y, não existe isso gente”, desabafou.

Em nota, o estabelecimento informou que adota um código de vestimenta formal – cujas regras estão fixadas na entrada – e que um amigo dele estaria de bermuda, o que contraria esse “dress code” [código de vestimenta]. No entanto, em um vídeo que circulou nas redes sociais, Jau contou que a discriminação teria sido pela roupa dele.

“Minha gente, com toda humildade do planeta Terra, eu acho que um cidadão vestido dessa forma pode entrar em qualquer ambiente, independentemente da cor dele. Ele vestido dessa forma, só pode ser barrado se houver algum problema racial, algum problema de índole, ou algum problema com essa pessoa – o que não é o meu caso, eu ainda sou artista da terra”, começa ele no vídeo.

“Eu fui no restaurante Sette, fui barrado e impedido de entrar porque estava vestido assim. Eu estou em Salvador, Bahia, e fui impedido de entrar em um restaurante Sette porque estou vestido assim”. No vídeo gravado por Jau, ele está com uma calça preta, camiseta e um casaco igualmente pretos. O cantor estava de sapato, chapéu e óculos escuros.

O Sette disse que o segurança do restaurante pediu que o acompanhante de Jau adequasse as vestimentas para entrar no local, e que imagens das câmeras de segurança podem comprovar a versão do estabelecimento. Também informou que não há um impedimento legal para que restaurantes definam um código de vestimenta, desde que informe ao consumidor. Ainda em nota, o Sette disse que repudia atos racistas ou discriminatórios.

 

*G1

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