Cerca de 17 mil caranguejos-uçá foram soltos na manhã desta quinta-feira, 16, nos manguezais da Reserva Extrativista de Canavieiras, a 590 km de Salvador, por equipes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com apoio de pescadores da região e acompanhamento de prepostos da Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental (Cippa).
Os crustáceos, que estão ameaçados de extinção de acordo com lista divulgada pelo Ibama, foram apreendidos na noite de quarta, 15, na rodovia BA-270 durante ação conjunta entre técnicos do órgão ambiental, que administra a Resex Canavieiras e policiais do 2º Pelotão da Cippa Porto Seguro.
A carga estava em sacos de material plástico, coberta por uma lona na carroceria de um caminhão de porte médio. Segundo o condutor, que foi encaminhado para a Delegacia de Polícia Civil de Canavieiras, o destino era o estado do Espírito Santo, onde abasteceria mercados e restaurantes.
Um inquérito civil foi aberto para apurar a responsabilidade pela captura, comercialização e transporte dos caranguejos. Sem ter o nome divulgado, o motorista prestou depoimento ontem e responderá pelo crime ambiental em liberdade.
O veículo, um caminhão Volkswagen, também foi apreendido com base na Lei de Crimes Ambientais. O condutor vai responder ainda a processo aberto pelo ICMBio e deverá apontar a origem e o destino dos caranguejos.
Defeso
A apreensão se deu na primeira etapa do defeso da espécie este ano, que transcorreu entre 11 e 16 de janeiro. Conforme calendário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o segundo período do defeso do caranguejo-uçá vai ocorrer entre 10 e 15 de fevereiro e a terceira etapa de 2020 entre 10 e 15 de março.
De acordo com o técnico ambiental Gustavo Frota, o período de defeso do Ucides cordatus, nome científico do caranguejo-uçá, ocorre nas primeiras luas cheias do ano. “Esse período é conhecido popularmente como ‘andada’, pois os animais saem das tocas para reproduzir”.
Ele explicou que os caranguejos “ficam literalmente andando de um lugar para outro para acasalar e liberar os ovos, o que os deixa muito vulneráveis e facilita a captura, contribuindo para a diminuição do número de indivíduos na natureza”.
Nos dias de defeso fica proibida a captura, o transporte, o beneficiamento, a industrialização e a comercialização destes crustáceos. A exceção é para os casos em que os estoques foram declarados para o Ibama ou ICMBio até o último dia útil antes de cada período de defeso.
Fonte: A Tarde
