José Carlos Teixeira*
“Não me convidaram
Pra esta festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer”
(Brasil, de Cazuza, George
Israel e Nilo Romero)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou nesta quinta-feira, 11, em Salvador, o Brasil Participativo, plataforma digital que permitirá a participação da população nas decisões sobre como e onde devem ser investidos os recursos federais.
O lançamento ocorreu durante a primeira das 27 plenárias estaduais do Plano Plurianual Participativo, processo em que a sociedade pode opinar sobre as prioridades para investimentos do governo nos próximos quatro anos.
Realizado na Arena Fonte Nova, o evento teve participação de sindicalistas e ativistas de movimentos sociais – exceto, estranhamente, dos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), um parceiro histórico do PT.
Convidado para o ato, o MST acabou desconvidado, em cima da hora, pelo cerimonial da Presidência da República, com o argumento de que a presença dos sem-terra criaria constrangimentos para o governo – já incomodado com as invasões de terras promovidas pelo movimento nos últimos meses.
Sobrou para o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, a quem foi atribuída a decisão de desconvidar os antigos parceiros, amigos de fé, irmãos, camaradas, companheiros de tantos caminhos e tantas jornadas (obrigado, Roberto e Erasmo!).
Em nota à imprensa, Rui, é claro, negou que o veto aos integrantes do MST tenha partido dele. Mas o deputado federal Valmir Assunção, do PT da Bahia e líder estadual do MST, não deixou por menos. Não apenas ratificou que o veto partiu da Casa Civil, como acusou Rui de ter-se afastado dos movimentos sociais quando governou o Estado.
Também em nota, o próprio MST fez coro ao deputado e disse que Rui Costa “quer repetir no governo federal o trato que ele sempre deu aos movimentos sociais na Bahia enquanto governador, de falta de diálogo e participação coletiva nas construções e debates”.
No caso do MST, trata-se de fogo amigo. Mas os inimigos também não andam fazendo por menos: na quarta-feira, o petardo partiu do também baiano deputado Elmar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara. Em entrevista a O Globo, ele acusou Rui Costa de represar pagamentos de emendas que haviam sido prometidos no ano passado e, com isso, dificultando o relacionamento do governo com os parlamentares. A Casa Civil, porém, negou seu envolvimento, alegando que não participa do fluxo de liberação desses recursos.
Tudo indica que o chefe da Casa Civil atravessa um período de inferno astral. Rui, como outros ministros, está convidado para visitar a Feira Nacional da Reforma Agrária, organizada pelo MST em São Paulo e que vai até domingo. Melhor ele desconvidar-se e dar um tempo até o astral melhorar.
*José Carlos Teixeira é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político, mídia, comportamento eleitoral e opinião pública pela Universidade Católica do Salvador.