Chegou o tempo da política: a partir desta terça os candidatos já podem pedir o seu voto

teixeira foto nova

José Carlos Teixeira*

 

 “Desejo, prezado amigo,
Com grande satisfação
De ter o vosso votinho
Na próxima eleição”

(Cabala Eleitoral, de Bahiano e Cadete)

 

Agora é pra valer. Começou o tempo da política, como costuma dizer o povo. Desde zero hora desta terça-feira os candidatos estão autorizados oficialmente pela Justiça Eleitoral a fazer propaganda eleitoral, inclusive na internet – no rádio e na tv, não, só a partir do dia 26. Podem também realizar comícios, caminhadas e carreatas, usar equipamentos de sonorização para divulgar suas mensagens e distribuir material gráfico.

Ou seja, podem fazer tudo que já vinham fazendo antes, mas sem pedido explícito de voto. Há mais de um ano, em alguns casos. ACM Neto, do União Brasil, por exemplo, vem fazendo isso desde janeiro do ano passado, quando encerrou seu mandato de prefeito da capital e começou a correr trecho, visitando cidades do interior para dizer aos eleitores que seria o melhor candidato a governador.

Jerônimo Rodrigues só não fez isso porque os governistas demoraram a escolher o nome que os representará na disputa. É verdade que em março do ano passado, quando ACM Neto já estava com o pé na estrada, o ex-governador Jaques Wagner anunciou que pretendia voltar a morar no Palácio de Ondina, a residência oficial do governador da Bahia. Mas acabou desistindo, um ano depois, e passou a bola para Otto Alencar, chefe do PSD baiano, o qual refugou a oferta. Agradeceu e disse que preferia disputar a reeleição.

Acabou sobrando para Jerônimo, na época aboletado no comando da Secretaria da Educação, por coincidência uma das áreas de pior desempenho do governo de Rui Costa, na avaliação do Ideb, o índice que mede a qualidade do ensino no Brasil. Escolhido candidato da base governista, em março passado, Jerônimo colou no governador Rui Costa em uma maratona de inaugurações e assinatura de ordens de serviço para obras na capital e no interior. Ou seja, pôs-se a máquina do governo para funcionar, como se diz.

O deputado federal João Roma, do PL, também anunciou no ano passado que seria candidato, para dar um palanque à campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro na Bahia. Mas só começou a andar pelo interior com as vestes de pré-candidato a governador em abril deste ano, após deixar o Ministério da Cidadania, desincompatibilizando-se, como pede a legislação eleitoral.

Aqui cabe um quase parêntese: além desses três, também são candidatos a governador Giovani Damico (PCB), Kleber Rosa (Psol) e Marcelo Millet (PCO).

Considerando todos os cargos da disputa regional (governador, uma cadeira de senador, 39 vagas de deputado federal e 63 de deputado estadual), algumas centenas de candidatos estão registrados e, portanto, autorizados a bater em sua porta, meu caro leitor, em busca do voto. Cada um deles usando de todas as armas (até mesmo aquelas tidas como condenáveis, pois nem todo mundo é santo nessa guerra) para tentar persuadir o eleitor a votar nele e a rejeitar os adversários.

Isso porque, amável leitora, na democracia eleitoral, o caminho para um partido ganhar o poder passa, necessariamente, pelas urnas. Bem, há gente que discorda e acha que é possível ganhar no grito, quando não, em casos extremos, com a força das armas, mas isso é exceção.

Em condições normais de temperatura e pressão, porém, na disputa por cargos majoritários, ganha o candidato que obtiver mais votos. Ou seja: aquele que conseguir persuadir a maioria dos eleitores. Nas eleições proporcionais, o total de votos obtido pelo partido (ou federação de partidos) é que vai definir o número de vagas conquistadas, as quais são ocupadas pelos candidatos mais votados de cada legenda. Mas em ambos os casos, como se vê, tudo depende de sua excelência, o voto.

Nesse jogo eleitoral, todos os candidatos constroem um discurso retratando um mundo atual possível, igual ou um pouco diferente do mundo atual real, e com base nele projetam um novo e bom mundo futuro possível. É com base nisso que se estabelece a retórica da campanha e uma linha da propaganda eleitoral.

Assim, nos próximos dias, até a véspera da eleição, o candidato a governador da situação, Jerônimo Rodrigues, vai nos apresentar um mundo possível atual bom e sugerir que, uma vez eleito, este mundo possível futuro será ainda melhor. Ou seja, vai dizer em sua propaganda que a Bahia está bem e ficará ainda melhor se ele for eleito.

Já os candidatos da oposição – exceto nos casos em que se prestam ao papel de linha auxiliar do governo e entram na disputa apenas para infernizar a vida dos oposicionistas – vão apresentar uma leitura negativa do mundo possível atual e propor mudanças em relação ao mundo possível futuro, de modo a melhorá-lo. Quer dizer, vão escarafunchar de alto a baixo a administração de Rui Costa, apontar o que hoje está ruim na Bahia e dizer que só eles têm condições de fazer com que melhore no futuro. Simples assim.

Agora, como os eleitores decidem se vão comer o reggae dos governistas ou se deixarem levar pelo agá da oposição, é outra questão. Que cabe examinar em outro artigo.

Para começar, leitores, abram corações e mentes ao que dizem ou deixam de dizer os candidatos. Vai ficar mais fácil decidir.

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