Biólogo diz que combater o Aedes importa mais que vacinar

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Enquanto a vacina de combate à dengue, aprovada na segunda-feira (28), pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não começar a ser comercializada – a previsão é que isso só ocorra nos próximos meses -, especialistas alertam que mais importante que imunizar é a prevenir. E a melhor forma de prevenção continua sendo o combate ao aedes aegypti. Isso porque a taxa de eficácia da vacina é de, em média, 66%, considerada baixa pela própria Anvisa.

Produzida pela indústria farmacêutica francesa Sanofi, divisão da Sanofi Pasteur, a vacina, denominada Dengvaxia, já tem lotes para pronta entrega, mas ainda aguarda registro de preço e liberação da importação para ser disponibilizada no Brasil. Ainda não foi estabelecido prazo para ser disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS). “A vacina não tem uma taxa de eficácia alta. O combate ao mosquito deve ser prioridade”, alerta o biólogo Leandro Layter, doutorando em medicina tropical pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Há necessidade de três doses do medicamento, uma a cada seis meses. Cada dose da vacina – indicada para pessoas entre 9 e 45 anos contra os quatro tipos de dengue – deve custar cerca de 20 euros (aproximadamente R$ 86). O Governo estadual e prefeitura da Salvador têm desenvolvido estratégias para combater o aedes aegypti, que transmite também a febre chikungunya e zika. Esta última, por sua vez, está associada ao surto de microcefalia em todo o país. A vacina, no entanto, não combate essas duas doenças.

Uma das estratégias é o Centro de Operações de Emergências em Saúde do governo, lançado há três semanas para atualizar informações sobre o quadro epidemiológico baiano e estabelecer medidas de vigilância, controle e atenção. A prefeitura, além de reforçar as ações de combate aos focos do mosquito, conta com um canal via telefone (3202-1808) para denúncias de criadouros.

Governo e prefeitura estão elaborando aplicativos também para facilitar a comunicação. O estadual (Caça Mosquito) deve ser lançado em janeiro, enquanto o municipal aguarda recursos do Ministério da Saúde. Em Feira de Santana (a 109 km de Salvador), que teve muitos registros de febre chikungunya, a prefeitura também tem realizado mutirões de limpeza.

Em outros estados, alguns municípios estão adotando premiação em dinheiro para pessoas que auxiliem no combate ao aedes aegypti. Em Castilho, no estado de São Paulo, o morador que estiver com tudo limpo em casa pode ganhar até R$ 300. Em 2015, pelo menos 1,5 milhão de pessoas foram infectadas pelo vírus da dengue, o que representa aumento de 176% em relação ao ano passado. Além disso, o Brasil ainda sofre um surto causado pelo zika vírus – ambos são transmitidos pelo mosquito.

O biólogo Leandro Layter critica a atuação da Vigilância Epidemiológica em todo o país e diz que o método “arcaico” utilizado atualmente – por meio de formulários escritos pelos agentes de endemia – facilita a proliferação do inseto. “As larvas do Aedes aegypti passam por quatro estágios de desenvolvimento, processo que costuma durar sete dias. Mas as informações dos formulários demoram até dois meses para ser compiladas”, conclui.

Do site do jornal A Tarde.

Foto de capa extraída do site CBN Salvador.

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