Comércio tem o pior resultado para abril desde 2015

A linha de portáteis registrou alta nas vendas de 12,99% no período, com 30 milhões de equipamentos comercializados (Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil)
A linha de portáteis registrou alta nas vendas de 12,99% no período, com 30 milhões de equipamentos comercializados (Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil)

As vendas do comércio varejista caíram 0,6% em abril, na comparação com o mês anterior, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do pior resultado para meses de abril desde 2015 (-1%) e também a primeira contração para o mês em quatro anos.

A queda acontece após uma alta de 0,1% em março e queda de 0,1% em fevereiro, na comparação com o mês imediatamente anterior, reforçando a leitura de perda de ritmo do setor e de estagnação da economia brasileira em 2019. Na comparação com abril de 2018, houve alta de 1,7%. Dessa forma, o setor acumulou avanço de 0,6% no ano e de 1,4% nos últimos 12 meses.

O resultado veio pior do que o esperado pelo mercado. A mediana das estimativas de 27 analistas de consultorias e instituições financeiras ouvidos pelo Valor Data era de queda de 0,2% do indicador frente a março, quando houve ligeira alta de 0,1% (dado revisado).

O IBGE revisou os resultados dos últimos meses. Em março, ao invés de uma alta de 0,3% como inicialmente divulgado, as vendas do setor avançaram apenas 0,1%. Em fevereiro, houve queda de -0,1% ante leitura anterior de estabilidade. Já em janeiro, a alta foi maior que a inicialmente divulgada, de 0,6%, e não de 0,5%.

A gerente da pesquisa, Isabella Nunes, destacou que a queda em abril ocorre após dois meses consecutivos de relativa estabilidade. “Só essa observação já nos mostra uma perda de ritmo no ano de 2019”, disse. Em 12 meses, as vendas do varejo ficaram praticamente estáveis, acumulando alta de 1,4%, ante 1,3% em março.

Ela lembrou que no ano passado, no mesmo mês, o setor acumulava avanço de 3,4%.
“Ainda tem um longo caminho a ser percorrido para que o comércio varejista volte a registrar taxas semelhantes às de 2014 [quando o setor bateu seu recorde de vendas]”, afirmou.
Das 8 atividades pesquisadas, 5 registraram queda no volume de vendas em abril, na comparação com março. Segundo o IBGE, a retração no varejo foi puxada pelo segmento de hipermercados (-1,8%), que caiu pela terceira vez seguida, e vestuário (-5,5%), que teve o segundo mês negativo.

Os números do IBGE também mostram que houve queda nas vendas em 20 das 27 unidades da Federação, com destaque para: Paraíba (-3,5%) e Rio de Janeiro (-2,8%) e Pará (-2,6%).

Segundo Nunes, desde a greve dos caminhoneiros no ano passado “os alimentos mostram uma evolução de preços”. Ela destacou que, em abril do ano passado, a inflação acumulada em 12 meses para os alimentos estava em -4,78%. Já em abril deste ano, o indicador registrou alta de 9,10%.

Conjunturalmente, enfatizou, o país tem um grande contingente de desempregados e um mercado de trabalho que segue estagnado. “Essa situação dificulta o crescimento da massa de rendimentos, que é o que impulsiona o consumo”, afirmou a pesquisadora do IBGE.

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