Defensoria Pública ajuíza ação contra taxas cobradas no Shopping Popular

Carlos Geilson durante entrevista ao programa de rádio Transnotícia.
Carlos Geilson durante entrevista ao programa de rádio Transnotícia.
Camelôs permissionários de boxes no Shopping Popular insatisfeitos com o valor de taxas cobradas no empreendimento, podem procurar a Defensoria Pública, através da Associação dos Camelôs, para o ajuizamento de uma eventual ação coletiva. A justiça, inclusive, reconheceu que uma permissionária estava certa ao deixar de pagar algumas taxas desde o mês de fevereiro de 2021. “A gente pediu a reemissão dos boletos, no valor correto”, explica a defensora pública Júlia Baransk, em entrevista ao programa Jornal TransBrasil, na rádio TransBrasil, comandado por Carlos Geílson. Confira a íntegra da entrevista:
Carlos Geilson – Dra., qual objetivo da ação?
Júlia Baransk – Essa ação foi proposta porque a Defensoria foi procurada por uma mulher, uma assistida, que tinha essa demanda individual. Ela estava se queixando de que a concessionária Feira Popular, que administra o Shopping Popular Cidade das Compras, tinha quebrado a carência contratual oferecida para ela, em termo aditivo, no sentido de que ela não pagaria o aluguel pelo box dentro do shopping, até o final de maio de 2021. Porém, em fevereiro de 2021, a concessionária tinha incluído nos boletos a cobrança desse aluguel, em desconformidade àquilo que foi contratado. Embora seja uma ação individual, e um reconhecimento da justiça do direito dessa camelô, é uma situação que se multiplica dentro do shopping, porque muitos outros camelôs estão na mesma situação dela. Então, é algo que a gente pode multiplicar essa situação problemática para outras pessoas que ainda não procuram a Defensoria.
Carlos Geilson – E a recomendação, então, é que não só essa comerciante, como os demais, não paguem as taxas?
Júlia Baransk – Essas taxas são abusivas, justamente porque elas infringem o que foi contratado no termo aditivo pela concessionária, junto com os camelôs e ambulantes. Então, esse pagamento não é devido, ele não é lícito, ele não é legal, certo? O grande problema é que, dentro do contrato de locação que foi firmado, também existe uma cláusula que prevê que o inadimplemento das taxas, em até 45 dias, pode gerar o lacre dos boxes e a apreensão das mercadorias. Então, o ideal é que essas pessoas procurem a Defensoria, ou aquelas que tenham condições de advogados, enfim, que procurem meios de acessar à Justiça, para que haja o reconhecimento da ilegalidade dessas taxas. A par disso, nós estamos, a Defensoria Pública está, em contato com a Associação dos Camelôs, que foi formada dentro do Shopping Popular, para a gente possa discutir o ajuizamento de uma eventual ação coletiva, que abarque todos os associados, justamente em razão dessa ilegalidade acabar abarcando mais de uma pessoa dentro do shopping.
Carlos Geilson – Doutora, os comerciantes que deixaram de pagar, justamente por causa dessas irregularidades, como fica a situação desses comerciantes?
Júlia Baransk – Justamente, esta pessoa que procurou a Defensoria não tinha pago as taxas abusivas. Ela parou de pagar os boletos em fevereiro, e aí a justiça reconheceu que ela não devia mesmo pagar aquele valor. E aí a gente pediu a reemissão desses boletos, no valor correto, para que ela pudesse voltar a pagar, e sem multas, sem juros, sem ônus, apenas a taxa condominial, que era o que a concessionária deveria cobrar até o final de maio. Então, a gente tem que pedir, ou essas pessoas podem procurar a concessionária e resolver isso administrativamente, o que tem se mostrado pouco frutífero, já que a concessionária não tem sido muito aberta ao diálogo com os camelôs, ou então tem que procurar realmente a justiça, para haver essa reemissão dos boletos.

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