Desemprego chega chegando e a Bahia mantém liderança nacional

teixeira foto nova

José Carlos Teixeira*

“Quem ainda não dançou tá na hora de aprender

A nova dança do desempregado

Amanhã o dançarino pode ser você”

(Dança do desempregado, de Gabriel O Pensador)

 

Pouco adiantaram o otimismo esbanjado pela vasta, musical e colorida propaganda oficial na televisão e as muitas imagens do governador Jerônimo Rodrigues (às vezes acompanhado de seu vice, o inimitável Geraldinho) distribuindo simpatia e ensaiando passos de dança nas redes sociais. A dura realidade enfim mostrou sua cara nos números da última atualização da PNAD Contínua Trimestral, divulgada nesta quinta-feira, 18, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): a Bahia segue na liderança do desemprego, agora com uma taxa de 14,4% – a mais alta entre os 27 estados e o Distrito Federal.

Os números do IBGE dizem respeito ao primeiro trimestre deste ano. Praticamente o mesmo período do marco dos 100 primeiros dias do novo governo, que a alegre e farta propaganda governamental transmutou em uma curta, mas profícua era de obras e realizações – na verdade, obras atrasadas, que deveriam ter sido entregues no ano passado, mas só agora “chegaram chegando”, como diz a retórica publicitária.

A realidade, porém, não é tão cor-de-rosa como propagandeia o governo. Pelo contrário, está mais para o tenebroso. A taxa de desemprego de 14,4% registrada pela Bahia neste primeiro trimestre é bastante superior à média nacional, que foi 8,8%. Essa diferença indica que o país como um todo enfrenta problemas na empregabilidade, mas também que, na Bahia, esses problemas são ainda maiores.

É bem verdade que o aumento da taxa de desemprego no início do ano é esperado em todas as regiões por conta do desligamento daqueles trabalhadores temporários contratados no final do ano. Isso deve explicar o desemprego na Bahia ter saltado de 13,5% no último trimestre de 2022 para 14,4% no primeiro trimestre deste ano.

Mas o fato de a Bahia se manter na liderança, com a maior taxa de desemprego do país, tem causa mais ampla: a baixa oferta de empregos por conta do restrito crescimento de sua economia. Esse é o dado real, que propaganda nenhuma consegue esconder. É a dura realidade que, como dizem os propagandistas oficiais, chega chegando!

 

*José Carlos Teixeira é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político, mídia, comportamento eleitoral e opinião pública pela Universidade Católica do Salvador.

 

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