“É o pior momento da minha carreira”, definiu Guto Ferreira. O treinador do Bahia concedeu entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (29) sobre a tragédia com a aeronave que transportava a delegação da Chapecoense, que caiu nesta madrugada. A equipe catarinense viajava para Medellín, na Colômbia, onde disputaria o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana, nesta quarta-feira (30), contra o Atlético Nacional.
“Tirando a perda de meu pai, talvez tenha sido o momento mais difícil. Você sente até pela relação que a gente viveu como família esse tempo todo. Você perder no esporte é uma situação, você perder a vida é muito difícil. Eu fico buscando palavras pra dizer alguma coisa, mas não tem o que dizer. É um momento que não tem como botar pra fora, pra mim que estou aqui, imagina pra quem está lá. Mais do que isso. O nível de convivência do grupo era muito grande. A cidade tinha menos opções que outras e os jogadores vivenciavam um ambiente familiar o tempo todo. A gente fica pensando nas crianças, nas esposas, pessoas maravilhosas da direção que se foram, com ideais para o clube. É muito triste. Tá tudo aí interrompido em um voo”, lamentou.
Hoje técnico do Bahia, Guto Ferreira comandou a Chapecoense de 14 de setembro de 2015 a 24 de junho deste ano. Deixou o cargo da equipe catarinense para assumir o do Bahia, após a demissão de Doriva. Foi ele quem montou o elenco da Chapé que, com o técnico Caio Júnior à frente, conquistou a vaga na final da Copa Sul-Americana.
“É uma dor que não tem explicação. Quando a gente está no trabalho a gente fica muito mais tempo com eles do que com a família. Foram embora quase todos que estavam ali, que vivenciavam o dia a dia. Todo mundo da nossa relação no clube estava no voo. No momento mais sublime e mais lindo da história do clube vem essa catástrofe. Os caras estavam na final da Sul-Americana. Tem umas coisas que só Ele pode explicar, Ele tem os seus motivos. Pra nós, nesse momento, só nos resta orar pelos familiares, mandar energia positiva”.
Guto Ferreira foi informado do ocorrido às 5h30, através do auxiliar técnico André Luís. “Tocou o interfone lá de casa e eu estranhei. Eu e o André Luís moramos no mesmo edifício e aí era ele me falando do acontecido, de forma bem rápida, até porque ele estava acabado. Me disse que a minha esposa estava me ligando direto, aí eu liguei pra ela de imediato e ela detalhou o assunto”, contou Guto, que viaja para Piracicaba nesta terça-feira (29) para rever a família.
Fonte: Correio
