Espaço Cultural Boca de Brasa recebe 114 jovens no Bairro da Paz

Espaços Boca de Brasa/ Bairro da Paz
Foto: Jefferson Peixoto_Secom_Pms
Espaços Boca de Brasa/ Bairro da Paz Foto: Jefferson Peixoto_Secom_Pms
Espaços Boca de Brasa/ Bairro da Paz
Foto: Jefferson Peixoto_Secom_Pms

O Espaço Cultural Boca de Brasa do Bairro da Paz já conta com fila de espera, mesmo tendo começado as atividades há menos de uma semana, através do edital da Fundação Gregório de Mattos (FGM). O projeto é administrado pela Santa Casa de Misericórdia, uma das instituições selecionadas no Edital de Espaços Culturais Boca de Brasa. A intenção do projeto é de que os locais sejam pontos de atração e reunião de ações que possibilitem o desenvolvimento cultural, humano e econômico das comunidades onde estão inseridos.

Os 114 alunos já beneficiados pela iniciativa estão divididos nos cursos de Introdução à Comunicação, Teatro, Break Dance e Dança Afro. No segundo semestre, o espaço receberá cursos de grafite, poesia e literatura e pintura em tela para terceira idade. Para se inscrever, os interessados devem procurar a sede do projeto, que fica na Rua Nossa Senhora da Paz, nº 15, próximo ao final de linha do Bairro da Paz, levando cópia do RG e comprovante de residência. No caso de menores de 18 anos, é necessário levar também os documentos do responsável.

Coordenadora do Programa Avançar da Santa Casa, Martha Verônica explica que as atividades foram escolhidas a partir das sugestões da própria comunidade. Com isso, as pessoas se apropriam e se sentem parte do processo, o que contribui para estreitar os laços com os moradores. “Pretendemos, cada vez mais, oportunizar aos jovens daqui que tenham seu próprio grupo de teatro, de dança”, afirma. Está sendo feito um mapeamento dos artistas da comunidade para realizar uma apresentação na última semana de março.

O presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro, ressalta a importância do projeto para a comunidade, sobretudo para estreitar os laços entre os membros. “São espaços onde a arte e a cultura possam se organizar e fluir. Locais onde os artistas e a comunidade possam se encontrar, dialogar e criar. Territórios onde a educação pode vir através do contato com o belo. O Boca de Brasa leva cidadania através da cultura, é onde se exercita a liberdade não há espaço para a violência”, acrescenta.

Hip Hop – Técnicas de respiração, alongamento e passos marcantes com músicas que promovem a luta pela igualdade, abrindo um mundo de possibilidades para os alunos. O professor de dança Janderson Passos, 24, ministra aulas de Hip Hop há sete anos e agora faz parte do projeto no Bairro da Paz. “Quem pratica a modalidade acaba perdendo a timidez, elevando a autoestima e tem a possibilidade de abrir os horizontes, pois sempre estimulo meus alunos a compreenderem as letras das músicas, estudarem sobre o assunto”, diz Passos.

Estudante e moradora do bairro desde 1993, Andrea Costa, 37, teve que adiar os sonhos do estudo e da dança por conta da família e do trabalho, mas agora consegue dar continuidade aos dois. “Já comecei um curso técnico de enfermagem, e o meu maior sonho, o de dançar, está sendo realizado nas aulas de Hip Hop”, conta. Já o estudante Welington Jesus, o Fuck, de 27 anos, nascido e criado na comunidade, agora, matriculado nas aulas de Hip Hop, pretende formar um grupo de dança e se apresentar dentro e fora do bairro, além de participar de competições.

Seleção – Os Espaços Boca de Brasa, contemplados em edital, visam a dinamização dos equipamento já existentes e descentralização do acesso às atividades culturais em Salvador. O aporte financeiro para os selecionados é de R$150 mil cada, para serem executados durante um ano. Além do Programa Avançar, da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, no Bairro da Paz, foram contempladas a Associação Picolino de Artes do Circo – Circo Picolino, em Pituaçu; e a Associação Pracatum Ação Social (Apas), no Candeal.

As instituições cumpriram todos os requisitos dos critérios da etapa de visitação e seleção: adequação do espaço às atividades propostas; condições de funcionamento espaço-estrutura, capacidade técnica, segurança e acessibilidade; localização e condições de acesso para o público e envolvimento do espaço com a comunidade na qual está inserido. A expectativa é de que, até o fim da gestão, em 2020, dez Espaços Boca de Brasa estejam em funcionamento por toda a cidade.

Histórico – Criado em 1986 e relançado em 2013, o projeto Boca de Brasa visa fomentar a cultura na periferia da cidade, com foco na promoção da cidadania por meio do incentivo às manifestações artísticas dos bairros de Salvador. Entre 2013 e 2016, foram realizadas 21 edições, com público total de 42 mil pessoas. A ação recebeu também um novo formato, que contempla oficinas gratuitas de diferentes áreas artísticas, bem como de formação de gestores. Cento e vinte oficinas foram realizadas, ao todo, com 2.300 agentes culturais atendidos em 20 bairros.

Descentralização – Desde 2013, a FGM desenvolve ações que visam estimular a promoção e produção cultural pelos diversos pontos da cidade, no intuito de descentralizar as atividades em Salvador. Além do Boca de Brasa e dos encontros de articulação das comunidades para discussão do Plano Municipal de Cultura do Município de Salvador, foram realizadas diversas apresentações e manifestações culturais, apoiadas pelos editais Arte em Toda Parte anos I, II e III e do Arte Todo Dia anos I, II, III.

Outra maneira de expandir os espaços de atuação foi através dos programas de arte-educação, como A Casa Vai à Escola – projeto que apresentava, em forma de oficinas culturais, o acervo da Casa do Benin, abordando de maneira educativa e lúdica a cultura africana nas escolas da rede municipal de ensino. Atualmente, é realizado o programa Caminhos da Leitura, que percorrem escolas municipais, bibliotecas e praças em diversos bairros, com contação de histórias, saraus e exposições. Já o Cinema na Praça levou filmes nacionais a diversos bairros como Plataforma, Brotas, IAPI, Calabar, Uruguai, Santo Antônio Além do Carmo.

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