Quase uma década depois da explosão de casos de microcefalia no Brasil devido ao zikavírus, o país tem no radar uma nova ameaça, já que especialistas sinalizam temer que a febre oropouche possa aumentar, novamente, os casos de malformação em bebês.
O alerta se evidenciou depois que o Ministério da Saúde confirmou esta semana o caso de um bebê nascido no Acre com anomalias congênitas associadas à transmissão vertical (de mãe para filho) de oropouche, que morreu após 47 dias de vida. Os exames pós-parto constataram que a mãe, de 33 anos, havia contraído o vírus oropouche. Ela havia apresentado sintomas da doença no segundo mês de gestação.
De acordo com o G1, o Ministério da Saúde também confirmou um caso de aborto espontâneo causado pela infecção do vírus e investiga outras oito suspeitas de malformação e óbito fetal entre bebês de mulheres que foram diagnosticadas com a oropouche.
Especialistas relataram ao portal ainda não saber qual a real prevalência dessas alterações congênitas. “O potencial de aumentar existe, mas a extensão desse aumento é difícil de afirmar”, avalia José Luiz Proença Módena, virologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Já o epidemiologista José Geraldo Ribeiro pondera que o risco de uma epidemia em larga escala de oropouche levar a um surto de casos de microcefalia da mesma magnitude do que ocorreu com o zikavírus é pouco provável, “mas não impossível”. “Qualquer vírus capaz de gerar malformação é uma preocupação”, acrescenta.
Vale lembrar que em 2017, durante a 69ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o microbiologista da Universidade e São Paulo (USP) Luiz Tadeu Moraes Figueiredo previu que o oropouche se tornaria um problema de saúde pública no país. Na época, ele identificou casos em macacos contaminados em Minas Gerais e no sul da Bahia.