Farmácias venderam mais de 52 milhões de comprimidos do “Kit Covid”

Foto: Luiz Carlos Bordin
Foto: Luiz Carlos Bordin

De acordo com um levantamento da Agência Pública, entre março de 2020 e março de 2021, farmácias brasileiras venderam mais de 52 milhões de comprimidos de quatro medicamentos do chamado “Kit Covid”: sulfato de hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina e nitazoxanida.

No total, foram mais de 6,6 milhões de frascos e caixas destes medicamentos comercializados durante o período.
Os números, entretanto, representam apenas as vendas desses medicamentos em farmácias privadas, sem incluir o que foi aplicado em hospitais ou dispensado em postos do Sistema Único de Saúde (SUS).

Dentre os medicamentos listados, o que teve mais comprimidos vendidos foi a hidroxicloroquina, frequentemente defendida pelo presidente Jair Bolsonaro. Foram mais de 32 milhões de comprimidos vendidos desde março de 2020, um total de 1,3 milhão de caixas.

A bula da hidroxicloroquina prevê que ela seja utilizada para tratar malária ou certas doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide.

Logo em seguida vem a azitromicina, um antibiótico, que teve mais de 13 milhões de comprimidos vendidos nas farmácias brasileiras no período, sendo mais de 3 milhões de caixas. A venda do medicamento nas farmárcias passou de uma média de 711 mil comprimidos por mês em 2019 para 1 milhão ao mês durante a pandemia.
O uso previsto da azitromicina em bula é para o tratamento de doenças como bronquite, pneumonia, sinusite e faringite.

O estado que concentrou a maioria das vendas das caixas dos quatro medicamentos do “Kit Covid” em relação ao tamanho da população foi Goiás – 5.189 caixas vendidas. O estado também vendeu mais caixas de azitromicina proporcionalmente.

Em seguida vem o Distrito Federal, onde foram mais vendidas hidroxicloroquina e ivermectina em relação à população, e o Amapá, onde as vendas de nitazoxanida foram maiores proporcionalmente.

Já São Paulo ocupa o topo entre os estados onde mais foram vendidos os quatro medicamentos do “Kit Covid” em número absoluto, cerca de 1,5 milhão de caixas, mais de um quinto do total vendido em farmácias brasileiras na pandemia.

Contudo, o Conselho Federal de Medicina diz não apoiar nem condenar o tratamento precoce e defende que médicos podem definir o melhor tratamento para os pacientes.

Vale pontuar que, desde abril do ano passado, a Anvisa recebeu 456 notificações de efeitos adversos sobre o uso dos quatro medicamentos do “kit covid”. A quantidade é dez vezes maior que a registrada no mesmo período anterior, de abril de 2019 a abril de 2020. Das notificações durante a pandemia, 173 foram graves. Os efeitos relatados mais comuns são sintomas cardiovasculares — como distúrbios no ritmo dos batimentos cardíacos —, dano hepático, diarreia e náuseas.

Fonte: Agência Pública

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