Maternidade de Santo Amaro está praticamente fechada

Tudo mudou quando a prefeitura assumiu o comando único da saúde e passou a receber verba direta do governo federal.  (Foto: Reprodução / Correio*)
Tudo mudou quando a prefeitura assumiu o comando único da saúde e passou a receber verba direta do governo federal. (Foto: Reprodução / Correio*)
Tudo mudou quando a prefeitura assumiu o comando único da saúde e passou a receber verba direta do governo federal. (Foto: Reprodução / Correio*)
Tudo mudou quando a prefeitura assumiu o comando único da saúde e passou a receber verba direta do governo federal. (Foto: Reprodução / Correio*)

O Hospital Maternidade, uma instituição filantrópica da cidade de  Santo Amaro da Purificação – Região do Recôncavo Baiano – que funciona em um prédio histórico e completará 80 anos no próximo dia 7 de junho — está prestes a ser desativado. Desde março, a redução da verba repassada para a unidade levou a zero o número de partos pelo SUS. Realizando hoje pouquíssimos partos particulares, a maternidade, que em outros tempos chegou a fazer 10 ou 12 partos/dia, pode fechar as portas a qualquer momento.

“Praticamente não tem mais santo-amarense nascendo. Do jeito que está, vamos fechar”, declarou o próprio coordenador técnico da instituição, o pediatra Aníbal Peixoto. Ele afirma que 90% dos partos realizados na unidade eram do SUS, em parceria com o governo estadual. Mas tudo mudou quando a prefeitura assumiu o comando único da saúde e passou a receber verba direta do governo federal. O que com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) eram R$ 98 mil, com a prefeitura passou a ser apenas R$ 21 mil, além de R$ 20 mil de produtividade a cada 44 partos. Com mais R$ 5 mil referentes a realização de cirurgias ginecológicas mensais, o contrato entre a prefeitura e a maternidade chegaria a, no máximo, R$ 46 mil. “Dinheiro eu não tenho, benzinho”.

“Não vamos assinar um contrato desse. Isso não paga nem a folha administrativa e de técnicos”, calcula Aníbal. Enquanto artistas santo-amarenses e movimentos sociais se juntam contra o fechamento da unidade, a prefeitura garante que o Hospital Municipal Nossa Senhora da Natividade, que funciona no prédio da Santa Casa de Misericórdia, assumiu a função de fazer partos. Mas não foi essa realidade que o CORREIO encontrou por lá. Não há obstetras na unidade. As mulheres reclamam que o hospital rejeita a maioria das parturientes. Buscando informações para um suposto parto, a reportagem foi informada por funcionárias de que era possível parir ali. “Qualquer pessoa faz um parto”, disse a mulher (ver página ao lado). Mas a mãe de Marisol foi rejeitada. Inicialmente, acabou transferida para São Francisco do Conde. “Não me deixaram nem na porta do hospital porque não estão aceitando ambulância de Santo Amaro. É muita gente daqui indo pra lá”, contou.

Diante do problema, a sociedade santo-amarense se movimentou. Artistas, associações, sindicatos e movimentos sociais iniciaram uma campanha contra o fechamento da maternidade. Vídeos, depoimentos e imagens compartilhadas nas redes sociais reforçam o movimento “pelo direito de nascer santo-amarense”. No fim, como na música Quixabeira, difundida por Carlinhos Brown, a população só quer que tudo termine bem. “Na ida, levei tristeza. Na volta trouxe alegria”. (*Correio)

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