Nova Miss Bahia é exemplo de superação e sucesso

Na Venezuela ser miss é sonho de infância. No dia do concurso é como, pra nós, o final do campeonato brasileiro de futebol ou último capítulo de uma novela. (Foto: Filipe Araújo)
Na Venezuela ser miss é sonho de infância. No dia do concurso é como, pra nós, o final do campeonato brasileiro de futebol ou último capítulo de uma novela. (Foto: Filipe Araújo)

Por Roy Rogeres Filho*

Na Venezuela ser miss é sonho de infância. No dia do concurso é como, pra nós, o final do campeonato brasileiro de futebol ou último capítulo de uma novela. (Foto: Filipe Araújo)
Na Venezuela ser miss é sonho de infância. No dia do concurso é como, pra nós, o final do campeonato brasileiro de futebol ou último capítulo de uma novela. (Foto: Filipe Araújo)

“Na minha opinião, o coração de uma Miss deve ser generoso e estar aberto a sugestões para que possamos sempre fazer o bem ao próximo. Há uma frase que me identifico muito e a mesma diz: O maior bem que podemos fazer ao outro não é somente dividir as nossas riquezas, mas sim mostrar a ele, quais são as riquezas que possui”, foi com esta resposta quando questionada sobre o que tem no coração de uma Miss, que Patrícia Cristiane Guerra foi coroada no último sábado (18) a nova Miss Bahia Universo.

Com medidas admiráveis 90; 63, 93, conquistadas com determinação e distribuídos em 1,71 de altura, que a jovem de 20 anos conquistou o júri do certame e desbancou outras dezenove concorrentes ao título. Estudante de Administração e Promotora de Eventos, Patrícia reside atualmente em Luís Eduardo Magalhães (900 km da Capital), região Oeste do Estado, mas já está de malas prontas pra morar em Salvador durante o período de preparação com o objetivo de chegar ainda mais competitiva no concurso Miss Brasil, vencê-lo, e partir com garra em busca da terceira coroa de Miss Universo para o Brasil. A última foi com a baiana Marta Vasconcelos, que é também a principal inspiração de Patrícia.

Resultados de concursos de beleza não costumam ser unânimes, mas o que impressiona na vencedora é a sua inquestionável determinação e perseverança quando o assunto é a realização dos seus sonhos. Não por acaso, o sobrenome “Guerra” é prenuncio de uma das qualidades mais destacáveis de Patrícia, conforme revela a Miss sobre o diferencial que lhe rendeu o título máximo da beleza feminina no Estado. “Acredito que minha determinação e perseverança foram fundamentais para a conquista. Foi a segunda vez que participei do concurso, e o segundo lugar na edição de 2013 me fez ter a certeza que se tratava de um sonho. E eu acredito muito em trabalho, me preparei, participei de outros concursos para adquirir a confiança necessária. Sou uma guerreira e só desisto de um objetivo quando o alcanço”, comemorou.

SUPERAÇÃO E CONSAGRAÇÃO: Sonhar com uma vida de glamour, passarela, moda e títulos de beleza é comum entre milhares de jovens por todo o Brasil, país que possui na beleza feminina inúmeras referências internacionais e de sucesso, cujo maior nome é Gisele Bundchen. Mas não é preciso ir longe para encontrarmos exemplos de superação e sucesso neste assunto. Pois a nova Miss Bahia é veterana e experiente no tema. Possui título nacional de beleza, é fluente em dois idiomas, representou o Brasil no exterior e tornou-se exemplo para outras meninas que igualmente sonham conquistar espaço e sucesso na profissão.

A história de conto de fadas da menina com rosto delicado, olhos grandes esverdeados, e traços de boneca, chamou atenção ainda criança, quando já era admirada e incentivada por profissionais e família a seguir carreira. Aos quinze anos começou a levar o sonho de princesa a sério e iniciou a trajetória de modelo na região em que nasceu. Realizou trabalhos, virou referência e já dava sinais de que não iria parar tão cedo.

Em 2013, com dezoito anos, participou e venceu o primeiro concurso de miss em sua cidade, e se tornou a representante de Luís Eduardo Magalhães para o Miss Bahia do mesmo ano. Chegou à segunda colocação, o que lhe serviu de incentivo para buscar o título que ostenta hoje com total orgulho. Mas o destaque na primeira disputa estadual lhe rendeu o convite para representar a Bahia em outro concurso nacional, o Miss Brasil Latina 2014. Vencê-lo, se tornou então, o principal objetivo de Patrícia e o resultado foi surpreendente: Conquistou o título e o prêmio de melhor corpo da competição, realizada em Porto de Galinhas-PE. A vitória lhe deu o direito de representar o país na etapa internacional, o Miss América Latina Del Mundo.

A missão era difícil: suceder outra brasileira, também de sobrenome “Guerra”, Júlia, então detentora do título internacional. Mas o desafio foi aceito e outra vez o resultado foi positivo. Patrícia terminou a competição realizada em Punta Cana (República Dominicana) na segunda colocação e voltou ao Brasil ainda mais convicta de que estava no caminho certo para a construção da futura vitória, concretizada no último final de semana, quando venceu o Miss Bahia Universo em um grandioso evento realizado e transmitido através da Rede Bandeirantes de televisão, em Salvador.

Para as meninas que também sonham com a carreira e o êxito, o conselho da miss é focar na persistência. “Eu digo que quando se tem um sonho, você deve ir atrás, deve agarrá-lo com toda a sua vontade e dar o seu melhor para conquistá-lo. Tente uma, duas, três ou quantas vezes for preciso, e lute por ele. Na hora certa nosso o merecimento traz a consagração”, considera.

POLÊMICA E PLANOS FUTUROS: Quem pensa que vida de miss é só prestígio e alegrias, se engana. Realizar este sonho requer muito trabalho, dedicação e preparação. Em alguns países a exemplo da Venezuela, o maior detentor de títulos internacionais, ser miss é sonho de infância da maioria das meninas e mulheres. No dia do concurso que escolhe as representantes para os principais concursos internacionais, é como, pra nós, o final do campeonato brasileiro de futebol ou último capítulo de uma novela. É por isto que as venezuelanas são sempre sinônimo de referência e preparação, mas nem elas estão longe das polêmicas que envolve os concursos de beleza.

No Brasil, a palavra “Miss” tomou os noticiários após alguns fatos: Vice que arranca coroa de vencedora; Miss Casada que renuncia ao título por amor; Denúncias de corrupção e falta de lisura, entre outros. Na Bahia, o resultado do concurso agradou muitos e desagradou outros tantos que acreditam existir determinados padrões que representam a mulher baiana.

Nas redes sociais internautas questionaram a vitória de Patrícia apontando que trata-se do padrão europeu de beleza e que preferiam a terceira colocada, Miss Santa Bárbara, Vanessa Nascimento. Para João Marcos Souto, estudante de Direito e Pesquisador do tema, este é um pensamento incoerente com a miscigenação dominante no Brasil e consequentemente no Estado.

“Sempre que eleita uma Miss Bahia há uma série de embates acerca do padrão étnico da mesma. Entre as diversas opiniões prevalece o discurso de que a qualificação étnica de uma boa representante baiana são traços afrodescendentes por conta da expressiva população negra presente na Bahia. Este discurso, muitas vezes apoiado por uma imprensa “negrista” coloca em risco não somente a identidade de nosso povo, assim como desqualifica as demais representantes”, considera.

Souto reitera ainda que “A Bahia é um berço cultural de várias etnias e por isto podemos ser representados por uma Miss de qualquer tom de pele, afinal, o que realmente importa é sua capacidade e profissionalismo, qualidades que Patrícia demonstrou de sobra, aliadas a sua comunicabilidade e experiência, inclusive internacional. Estamos perfeitamente bem representados para caminhar rumo a coroa de Miss Universo”, opina.

Ser eleita a mulher mais bonita do universo e trazer a terceira coroa para o Brasil é, aliás, o próximo e principal objetivo de Guerra. “O título de Miss Bahia foi o primeiro passo para a realização deste sonho. E para tanto, conto com a vitória no Miss Brasil. Não pouparei esforços, estou atenta às críticas e a tudo que preciso melhorar, cada requisito necessário”, revela.

Para conseguir o feito, Patrícia salienta a importância do trabalho em equipe. “Tenho uma vasta equipe que está sendo fundamental. Estão sonhando e trabalhando comigo em prol desta construção. Eu quero ser Miss Universo, não somente por se tratar do maior título de beleza existente, mas para orgulhar meu Estado, meu País, e utilizá-lo como instrumento capaz de disseminar o bem, através de causas sociais e de todos os alicerces que proporcionam a concretização de um lugar melhor para vivermos. Quero que todos tenham orgulho de mim, como já o tenho em representá-los. Muito obrigada de todo coração. E a melhor forma de agradecer é honrando a responsabilidade que me foi confiada”, agradeceu.

* Roy Rogeres Fernandes é jornalista

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