Número de casos de covid-19 em Feira dispara e prefeitura convoca o Rei Momo

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José Carlos Teixeira*

Está na hora de se farrear
Rei Momo nosso ditador não quer saber
de ver ninguém chorar

(Té Já, marchinha de Assis Valente)

 

Nas duas primeiras semanas deste mês, o número de casos de covid-19 em Feira de Santana quase triplicou, na comparação com o total registrado nas quatro semanas do mês passado. Passou de 1.177 casos em todo o mês de junho para 3.189 só nos primeiros 13 dias de julho. Um crescimento de nada menos que 171%, de acordo com os números divulgados pela própria prefeitura – que, aliás, errou nas contas e noticiou que o aumento foi de apenas 79%, o que já seria preocupante.

Responsável, na primeira linha, pelas ações de prevenção e combate ao novo coronavírus e de assistência às vítimas da doença, o secretário municipal de Saúde, Marcelo Britto, não vacilou: o culpado pelo aumento no número de casos de covid-19 é a própria população, apontou.

Marcelo, que é médico, atribui o aumento dos casos ao relaxamento da população com os cuidados de prevenção, sobretudo durante os festejos juninos, quando as pessoas se aglomeraram nas plateias dos shows e mais ainda nos arrasta-pés, com muitos feirenses matando a saudade do pisa-na-fulô, o que facilitou a propagação do vírus.

O diagnóstico do secretário de Saúde é certeiro e bate com o que infectologistas prognosticaram meses atrás: não se pode descuidar das medidas de prevenção e as grandes aglomerações de pessoas devem continuar sendo evitadas, pois a pandemia não acabou, embora muita gente acredite que sim.

A avaliação de Marcelo Britto, no entanto, não conseguiu percorrer os 2,2 km que separam a Secretaria de Saúde, no bairro da Estação Nova, do Paço Municipal, no Centro da cidade, local de despacho do prefeito Colbert Martins Filho, que aparentemente alheio à evolução da doença no município, reuniu a imprensa local e anunciou: Evoé Momo!

Isso mesmo! Que os trios elétricos revisem a parafernália sonora, os batuqueiros esquentem os couros, as cantoras e cantores ensaiem os repertórios, músicos de todos os calibres afinem seus instrumentos e os súditos de Sua Majestade, Primeiro e Único, preparem o corpo para a folia.

A micareta se consolidou na cidade como um carnaval fora de época, desde 1937. Agora, 85 anos depois, se reinventa, ou é reinventada, para melhor dizer: quando setembro chegar teremos a micareta fora de época! Cheguem mais foliões, cheguem mais…

Serão quatro dias de festa, de 15 a 18 de setembro, começando na quinta-feira e acabando no domingo, a exatas duas semanas da eleição. Aham? Duas semanas? Isso mesmo, animadas leitoras e vivazes leitores.

Então fica combinado assim: se, como esperam os bolsonaristas, o pão estará garantido a partir de agosto com o Auxílio Brasil de R$ 600, o Vale Gás de R$ 120 e um auxílio de R$ 1 mil para os caminhoneiros, entre outros benefícios, durante quatro dias de setembro o circo também estará assegurado, pelo menos em Feira de Santana.

Ô abre alas, que eu quero passar!!!

 

*José Carlos Teixeira é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político pela Universidade Católica do Salvador.

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