O bom jogador não engana a geral, ensina o mestre Gilberto Gil, craque em outros campos

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José Carlos Teixeira*

“Afrouxa quem tem coragem
Deixa de galinhagem

O bom jogador não engana geral”

(O bom jogador, de Gilberto Gil)

Não. Definitivamente ele não merecia isso. Foi um desrespeito e um vexame para o futebol brasileiro. Foi, também, como uma facada em nosso coração de adoradores daquele futebol a que ele deu brilho, fulgor, grandiosidade, reconhecido como o melhor do mundo.

Não, meu caro leitor, não estou falando da aflição de ver a Seleção Brasileiro deixar-se abater ingenuamente pela Croácia, descartando o sonho de um hexa no Catar. Ingenuidade, sim senhor. Pois todo e qualquer técnico de esquina sabe que com vantagem no marcador e faltando poucos minutos para o encerramento da partida, cabe ao time segurar a bola na defesa e deixar o tempo passar. Simples assim – e olha que não quero falar dos pênaltis perdidos, em respeito à dor de quem os perdeu.

Estou falando de outro fato e que dói tanto como uma derrota. Neste domingo, dia 11, a Conmebol, que é a Confederação Sul-Americana de Futebol (o acrônimo vem do nome em espanhol: Confederación Sudamericana de Fútbol) realizou uma cerimônia em Doha, capital do Catar, em homenagem a Pelé. Justa e merecida, é obrigação sempre frisar.

Pois bem, leitores queridos (soube, pelo pessoal aqui do Olá Bahia, que vocês já somam algumas dezenas – Glória!!!), mesmo convidados pela Conmebol, nenhum dos ex-jogadores brasileiros campeões do mundo  que estão no Catar compareceu ao evento. Nem mesmo aqueles quatro que a Rede Globo insistia em mostrar, a cada jogo de nossa seleção, bem abancados em camarotes do estádio.

E a suprema humilhação: coube a Javier Zanetti, um ex-lateral da seleção argentina, nos representar. Percebendo a ausência de brasileiros, na cerimônia, quebrou o protocolo, pediu a palavra e fez um breve discurso louvando o homenageado:

“Pelé foi inspiração para muitos do futebol. Mandamos todas as forças para que se recupere. O que Pelé transmite é motivo de orgulho. Ele nunca dividiu. Sempre quis unir. Pelé é um grande exemplo”.

O presidente da entidade máxima do futebol sul-americano, Alejandro Domínguez, outro argentino, sugeriu que no escudo da CBF que orna a camisa da seleção brasileira sejam trocadas três das cinco estrelas por três corações – em mais uma homenagem a Pelé, que nasceu há 82 anos na cidade de Três Corações, em Minas Gerais.

A omissão dos craques do penta que estão na Catar, contratados pela Fifa como embaixadores da copa, foi compensada por outra homenagem que Pelé recebeu: no domingo anterior, dia 4, dezenas de integrantes da Torcida Jovem, a principal organizada do Santos, se reuniram em frente ao Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista, onde Pelé está internado desde o final de novembro.

Os jovens torcedores santistas, que nunca viram Pelé atuar – exceto em vídeos e filmes –, prenderam uma bandeira com o nome da torcida e o rosto dele estampados na área externa do hospital, acenderam velas na calçada e rezaram pelo pronto restabelecimento do maior jogador de futebol do mundo.

Nesta segunda-feira, o Hospital Albert Einstein relatou melhora no estado clínico de Pelé em novo boletim médico. Internado há 15 dias, o ex-jogador de 82 anos ainda não tem previsão de alta do tratamento de uma infecção respiratória.

Vida longa ao Rei!


*José Carlos Teixeira é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político pela Universidade Católica do Salvador.

 

 

 

 

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