O problema agora é o mesmo para governo e oposição: o candidato a vice

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José Carlos Teixeira*

 

O desembarque de João Leão da nau capitânia comandada pelo PT de Rui Costa e Jaques Wagner e seu imediato embarque na caravela pilotada por ACM Neto praticamente definiu os principais nomes das chapas majoritárias com que o governo e a oposição se apresentarão ao eleitor baiano nas próximas eleições.

Convém fazer a ressalva de que em política tudo muda, nada perece. Ou seja, não é a conformação definitiva, pois sempre pode mudar. Afinal, ainda estamos a exatos 201 dias das eleições, o que significa que tem ainda muita água, limpa ou suja, a passar por baixo da ponte.

Mas hoje a situação é a seguinte: pelo lado do governo, o engenheiro agrônomo Jerônimo Rodrigues, que desde fevereiro de 2019 responde pela Secretaria de Educação do Estado, será o candidato a governador. É um quadro de raiz do PT (expressão que significa que ele é um filiado antigo do partido e não um desses cristãos-novos chegados à legenda após os petistas botarem o carlismo para fora do Palácio de Ondina). Terá como companheiro de chapa o senador Otto Alencar, do PSD, candidato à reeleição, ao qual foi oferecida a cabeça da chapa após a desistência de Jaques Wagner, mas declinou da oferta.

Pela oposição, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, do União Brasil (o novo partido resultante da fusão do DEM com o PSL), será o candidato ao governo, numa chapa agora reforçada com a chegada do vice-governador João Leão, do PP, que se sentiu desprestigiado pelos companheiros governistas, se bandeou com sua turma para a oposição e será o candidato ao Senado.

Falta agora, aos dois lados, a definição do candidato a vice-governador. Por motivos diversos – aliás, opostos, como veremos.

Não que o vice seja pouco importante. Não o é, como mostra a história recente do Brasil e da Bahia. Perguntem a Otto Alencar, por exemplo. Ele já foi vice duas vezes e em uma delas assumiu o governo. Foi em abril de 2002, em pleno reinado do carlismo, quando o governador César Borges renunciou para disputar o Senado, deixando-lhe nove meses de mandato.

No lado do governo, ao que se sabe, há certa dificuldade em encontrar alguém para o posto. Coisa rara na política. Afinal, o vice não é uma peça decorativa. É uma posição boa: não se envolve tanto na campanha, sofre menos desgaste e às vezes passa incólume, pois a carga maior dos ataques adversários é dirigida ao titular. Depois de eleito, pode até ficar ali na maré mansa, esperando, esperando… De vez em quando substitui o titular, protocolarmente. Algumas vezes, porém, quando menos se espera, ele sai da sombra e ganha as luzes do palco principal.

Sondada, a deputada federal Lídice da Mata, presidente do PSB baiano, mandou dizer que prefere disputar a reeleição. Outro partido parceiro fiel, o PCdoB, pelo teor das críticas que seu presidente, Davidson Magalhães, vem dirigindo ao PT por conta da forma como a escolha do cabeça da chapa foi conduzida, já deu a entender também que não se interessa pela vice, salvo melhor juízo. Pelo menos dois deputados de outros partidos da base do governo também foram discretamente sondados e igualmente recusaram a oferta.

No lado da oposição, o problema é ao contrário. Há pelo menos quatro nomes disputando o posto:  João Gualberto, do PSDB; Félix Mendonça, do PDT; Marcelo Nilo, ainda filiado ao PSB, mas buscando um novo partido; e José Ronaldo, ex-prefeito de Feira de Santana, do União Brasil, mas à procura de uma legenda que lhe sirva de barriga de aluguel (ou seja, com a filiação condicionada à indicação para compor a chapa majoritária).

As maiores chances estão com os dois últimos: Nilo, por ter sido o primeiro nome de peso a trocar a banda governista pela oposição, simbolismo reduzido pela chegada de João leão; Zé Ronaldo, pelo intenso trabalho que vem desenvolvendo, como fiel escudeiro de ACM Neto nas andanças pelo interior e nas articulações com lideranças municipais Bahia afora.

Marcelo Nilo ainda não decidiu a que partido irá filiar-se. Zé Ronaldo avançou mais: nas últimas semanas andou metido em intensas rodadas de conversa com os dirigentes do PDT, inclusive no plano nacional.

Nada ainda está definido. Mas ambos são pule de dez. E o que sobrar, se não quiser ser deputado federal, sempre poderá ser o primeiro suplente de senador.

 

*José Carlos Teixeira é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político pela Universidade Católica do Salvador.

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