ONG que oferece vagas de emprego indica hospital que não existe para receber doações

O endereço onde deveria funcionar o hospital fica em Salvador, mas no local há uma casa. (Foto: Reprodução/ G1)
O endereço onde deveria funcionar o hospital fica em Salvador, mas no local há uma casa. (Foto: Reprodução/ G1)
O endereço onde deveria funcionar o hospital fica em Salvador, mas no local há uma casa. (Foto: Reprodução/ G1)

O site da ONG Agefes-Paz, entidade que oferece vagas de emprego em São Paulo em troca de doação de R$ 300, que seria destinada à compra de cesta básica para pessoas com câncer, informa que a instituição recebe pacientes “através serviço social de unidades de saúde” e que estas pessoas passam por triagem do Hospital do Câncer “HC Agefes-Saúde”. O endereço onde deveria funcionar o hospital fica em Salvador, mas no local há uma casa.

No site da ONG, há informações bancárias para receber doações: “Doe e salve uma via. Sua doação pode fazer grande diferencia [sic] nas vidas destas famílias”, diz. O “HC. Hospital de Câncer Instituição Filantrópica Agefes-Saúde O espirito Santo e a paz – ONG sem fins lucrativos” está inscrita no CNPJ 13.052.140/0002-36, que tem como endereço de referência um sobrado na rua Alto da Bela Vista, na Vila Ruy Barbosa, em Salvador. Funcionários da ONG em São Paulo deram versões diferentes à TV Globo e ao G1 sobre o hospital.

A reportagem do G1 foi, na tarde de ontem (4), até o local onde o hospital deveria funcionar. A janela do sobrado residencial estava aberta, mas ninguém atendeu aos nossos chamados. Vizinhos disseram que uma mulher mora no lugar, mas não conseguimos localizá-la. Ouvimos mais de cinco pessoas que moram na mesma rua, perto da casa – algumas delas moram no local há mais de 10 anos -, e todas disseram desconhecer a existência do hospital ou da ONG.

Por telefone, um funcionário da Agefez-Paz em São Paulo, que se apresentou como Thiago, informou que não existe hospital, mas um “projeto bem elaborado”. “A gente está com um projeto dele, né, para ele ficar pronto. A gente estava pegando um terreno, a gente está com um projeto bem elaborado”, afirmou ao G1.

Perguntado sobre quais instituições eram ajudadas pela ONG, o funcionário informou que não tinha acesso no momento às instituições ajudadas. “A gente contribui com bastante famílias que é portador de câncer, com criança, diretamente para com eles” [sic], afirmou por telefone.

No local onde funciona a ONG a promessa era de 370 vagas abertas para início em setembro, segundo a funcionária que conversou com o G1. Os comerciantes da região contam que há um mês as filas aumentaram, mas que na terça-feira (1º) estavam ainda maiores.
Os interessados nas vagas chegam cedo, pegam uma senha, entregam o documento e fazem o cadastro.

Depois, voltam em outro dia para fazerem exames e indicarem em qual área pretendem atuar. Alguns já retornaram quatro vezes, para garantir que o cadastro foi preenchido e saber se terão retorno. Os candidatos também não são informados sobre a exigência de doação de parte do salário já no primeiro cadastro.

*G1

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