Otorrino explica relação entre déficit de audição e problemas de aprendizagem na sala de aula

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Crianças desatentas, dispersas e inquietas na sala de aula, baixo rendimento escolar. Uma situação comum que pode acabar passando despercebida ou sendo confundida por pais, mães, cuidadores e a própria escola como indisciplina ou problemas de aprendizagem. Porém, nem sempre a desatenção ou notas baixas significam não gostar de estudar ou não ter as “ferramentas” do aprender. O que muita gente desconhece é que o déficit ou perda auditiva está entre os contratempos de saúde que se manifestam de forma silenciosa e podem atrapalhar o aprendizado ou rendimento escolar do indivíduo de qualquer idade, principalmente, de crianças.

O otorrinolaringologista, Dr. Sandro Torres, explica que a perda auditiva pode ocorrer em qualquer idade, sendo muito comum em crianças. O especialista lembra que, no Brasil, a maioria dos hospitais faz a triagem auditiva neonatal com o chamado teste da orelhinha. “Isso melhorou bastante o diagnóstico precoce dos casos, mas acontece de a criança desenvolver alguma complicação depois, o que muitas vezes não é percebido pela família”, salientou, acrescentando que o bom funcionamento do ouvido será primordial para que a criança ouvinte, futuramente, consiga assimilar as informações necessárias para o seu aprendizado e desenvolvimento em seus diversos contextos, seja em sala de aula ou fora dela.

Na primeira infância, em especial no primeiro ano de vida, quando a criança ainda não se comunica por meio da fala, o otorrino diz que existem sinais por meio dos quais cuidadores de creches, da educação infantil dos primeiros anos ou os próprios pais podem perceber ou ficar alertas para algum indicativo de déficit de audição. São eles: não assustar-se ao bater de mãos; não perceber um som alto ou o bater de palmas; não voltar-se para quem faz algum barulho mais intenso e ou não lateralizar, no caso de bebês, à procura da origem do som, “seja em reconhecimento da voz da mãe, do pai ou das cuidadoras da creche. Ao menor sinal de falta de interação, ao perceber esses sinais, a creche ou a escola precisam sinalizar à família. E se são os pais a perceberem em casa devem procurar um especialista. O diagnóstico precoce sempre terá um tratamento mais exitoso, seja ele via medicamentosa ou outra”, frisou Dr. Sandro Torres.

Déficit Auditivo e a sala de aula

Em idade escolar, portanto, um quadro de comprometimento da audição pode atrapalhar o desempenho nas tarefas e seu aprendizado nas disciplinas como um todo, uma vez que será uma criança ou adolescente que, costumeiramente, se cansa bastante por se esforçar mais para escutar e compreender o que dizem os professores, bem como poderá chegar em casa sempre exausto, uma vez que terá de fazer muito esforço para compreender o que é transmitido em sala. Além disso, ressalta o médico, crianças que apresentam déficit ou alguma perda auditiva evidenciam vocabulário que não corresponde ao da sua idade e também o isolamento social, ou seja, preferem brincar sozinhas.

São muitos os casos também em que adolescentes e crianças são taxadas de inquietas, bagunceiras ou com mau comportamento. O problema está justamente no fato de que muitas vezes esse indivíduo, por escutarem com dificuldade o que dizem seus professores, não conseguem se concentrar. “A dispersão faz você se desconcentrar mesmo e esses sinais de déficit de audição são, infelizmente, confundidos com outros problemas comportamentais ou até neurológicos. Por isso, a necessidade de eliminar toda e qualquer suspeita de problemas que, muitas vezes, é uma condição do trato da saúde do ouvido e não do comportamento, ou síndromes, ou incapacidade de aprender”, afirmou o otorrinolaringologista.

Como dica para evitar complicações mais sérias, Dr. Sandro Torres afirma que o ideal é que o exame auditivo seja parte da lista do check up anual da criança, antes mesmo do início do ano letivo, bem como o oftalmológico, a fim de se certificar que os canais de recebimento das informações estejam saudáveis. “Quanto antes se identifique o problema, seja ele qual for, melhor o prognóstico e menos esforço auditivo esse indivíduo será obrigado a realizar”, finalizou.

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