Outubro Verde e a importância do diagnóstico e a prevenção contra a sífilis

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O mês de outubro também é conhecido como Outubro Verde por suas ações voltadas para uma doença que, se não diagnosticada e tratada a tempo, pode prejudicar a vida de homens, mulheres, fetos e bebês ainda em formação. A sífilis é uma infecção bacteriana que é transmitida por meio de relação sexual e, na Bahia, só em 2023, segundo dados da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), mais de 6.400 casos foram notificados de janeiro a agosto. Em Feira de Santana, houve uma redução no número de casos de 407 para 256 de janeiro a setembro de 2022, quando comparado ao mesmo período de 2023, conforme a Vigilância Epidemiológica do Município. Em relação à sífilis congênita, a queda foi ainda maior, de 150 casos para 42.

De acordo com o cirurgião urologista, Eduardo Cerqueira, esse é um dado muito importante e mostra um impacto positivo nas ações de prevenção nos postos, a própria distribuição de preservativos e campanhas de conscientização por parte dos médicos e demais profissionais de saúde. Porém, o especialista alerta para o risco que existe do aumento de casos da sífilis latente, ou seja, os casos, muitas vezes não são notificados pelo fato de o paciente, na maioria das vezes, ser assintomático, ou seja, não sabe que tem a doença. Nessas situações, o homem, se infectado com a sífilis latente, tendo relações sem proteção, contaminará a parceira ou parceiro. E, caso a parceira esteja gestante, esta pode sim, passar a doença para o feto.

 

“A recomendação que fazemos é realizar seus exames uma vez por ano, pois, se detectada a doença, o tratamento tem eficácia muito grande, o paciente não sente nada e pode ser tratado no posto de saúde”, orientou, acrescentando que a sífilis pode apresentar consequências severas na gestação, por isso, esse parceiro precisa ser responsável, pois há tanto a possibilidade de a criança nascer prematuramente ou sem vida ou esta mãe passar por um aborto. Quando não tratada ou tratada inadequadamente, há ainda a possibilidade de a doença deixar sequelas no sistema nervoso e cardiovascular desse bebê. “Portanto, comemoramos os números notificados, mas é preciso intensificar a campanha e falar da importância dos exames anuais e do sexo responsável”, frisou, Dr. Eduardo Cerqueira.

No consultório do cirurgião urologista Eduardo Cerqueira, a maioria dos casos que chegam de Sífilis é de um público maduro: homens a partir de 40 anos. Mas, o especialista comunga da ideia de que os homens mais jovens ainda precisam se conscientizar da necessidade da visita periódica ao consultório de um profissional de urologia para um trabalho preventivo, assim como as jovens são educadas para tal na ginecologia. Esta observação se faz necessária, pois, conforme os números apresentados pela enfermeira Larissa de Jesus Gonçalves, responsável pela referência técnica de Sífilis da Vigilância Epidemiológica de Feira, e pelo próprio especialista, a faixa etária de maior índice de contaminação está entre os jovens de 14 a 16 anos, até 40 anos.

O grande problema é que muitos desses jovens que não vivenciaram o temor de casos graves da AIDS, por exemplo, são pessoas que vivenciam uma prática de atividade sexual com menos proteção. Há uma facilidade de contraceptivos, porém, as pessoas esquecem de que o cuidado não é apenas com a gravidez não planejada, mas também com as infecções sexualmente transmissíveis. Esse é o grande risco da sífilis latente. As pessoas não se vêem doentes e continuam uma vida sexual normalmente e sem preservativo. Além da sífilis latente e da sífilis congênita, apontada como uma das mais preocupantes, o especialista diz que existem ainda a sífilis primária, em cujo quadro agudo o paciente apresenta uma lesão que geralmente cicatriza e some, e a sífilis secundária, a qual apresenta uma maior quantidade de lesões espalhadas pelo corpo. A latente somente é detectada com o exame.

Ainda conforme os dados epidemiológicos de sífilis de Feira de Santana, em todo o ano de 2022 foram registrados 573 casos de sífilis adquirida, 302, de sífilis em gestante; e 188 casos de sífilis congênita. No período de janeiro a setembro de 2022, os casos de sífilis adquirida somaram 407; sífilis em gestante: 213 casos e sífilis congênita: 150 casos. Este ano, até o mês passado, foram registrados, 256 casos da sífilis adquirida, 116, da sífilis em gestante e apenas 42 da sífilis congênita. “Comemoremos sim, mas utilizemos essa campanha e todos o restante do ano para alertar para a necessidade da prevenção e, principalmente para o diagnóstico precoce e a busca pelo tratamento. Não podemos brincar com a sífilis. A latente é invisível aos nossos olhos e congênita pode trazer sérios riscos a uma futura vida”, salientou Dr. Eduardo Cerqueira.

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