Pacientes denunciam falta de medicamentos em unidades do CAPS em Feira de Santana

Credito: Mário Sepúlveda/FE
Credito: Mário Sepúlveda/FE

Pacientes denunciam a falta de medicamentos em unidades do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS 3), em Feira de Santana. De acordo com a denúncia, a medicação fornecida pela rede municipal de saúde do município através do CAPS está em falta há cerca de quatro meses, trazendo transtornos para quem depende dos remédios.

O professor Michel Nolasco conta que, desde do dia 11 de agosto de 2023, foi diagnosticado com transtorno de ansiedade generalizada e depressão, causados pela situação vivida no trabalho. “Passamos três meses sem salários, com perseguição. Quando a saúde física é posta à prova, a mental também é afetada, geralmente chamada de Síndrome de Burnout que, inclusive, também fui diagnosticado. Após esses diagnósticos eu necessito de acompanhamento com psiquiatra e psicólogo, além de medicação. Cheguei a tomar 8 tipos de remédios por dia, sendo que destes medicamentos, infelizmente, 6 deles não estão na lista do SUS. Isso gera um custo mensal de cerca de R$400,00. Os outros dois que o município fornece, estão em falta desde outubro de 2023. Quando vou à unidade eles alegam que a Secretaria de Saúde não enviou. Não tenho condição de comprar. Por conta do recesso escolar, só estávamos recebendo 20 horas, só volto a receber 40 horas a partir de março. Tenho aluguel, alimentação, colégio de criança, é muito complicado”, denuncia.

Além da falta de remédios, Nolasco reclama também da falta de atendimento. “Quando o profissional tira férias, é preciso ter um substituto. A minha psicológa está de férias, o que é um direito dela. Eu teria um atendimento em fevereiro, sempre alinho o atendimento do psiquiatra e psicólogo, até porque só quem pode dar atestado de comparecimento é o psiquiatra, a própria prefeitura não aceita. E agora tenho que esperar mais 30 dias para ter novamente uma consulta, porque os outros psicólogos não tinham agenda. Ou seja, além da falta de medicamentos, estou sem o acompanhamento necessário. Tenho um relatório médico dizendo que eu tenho dificuldade de concentração, desânimo, lapso de memória, esgotamento físico e mental, intolerância, estresse, insônia, que não só prejudica meu tratamento como também prejudica meu trabalho”, reclama.

Ana Mascarenhas que faz uso contínuo de três medicações, além do gasto com o custo dos remédios, gasta também deslocamento para unidade, na esperança de conseguir pegar as medicações. “Procuro três medicações há mais de três meses, quando chega em um dia, acaba no outro. Estamos comprando medicações porque não conseguimos pegar. Tem uma irmã minha, na mesma situação. Outro problema aqui é que não há um telefone para a gente ligar e saber se as medicações chegaram, a gente pega um UBER, e moro distante, toda semana”.

O prefeito Colbert Martins diz que não tem conhecimento de falta de medicamentos e nem de profissionais nas unidades do CAPS. “Não tenho conhecimento sobre isso. Os profissionais não podem ter férias ao mesmo tempo, isso não é possível. Já os medicamentos, todos que foram solicitados, foram liberados. Entretanto, preciso me informar qual tipo de medicação específica, mas por se tratar de um professor da rede, tem um nível de remuneração adequada e pode suprir. Quando não existe medicamento na rede, somos avisados”, diz.

A coordenadora de Saúde Mental do Município, Célia Silva, rebate as denúncias e explica que as unidades do CAPS são reabastecidas frequentemente e que profissionais de saúde mental trabalham em regime de escala e férias. “A saúde mental em Feira de Santana é porta aberta, a gente sabe que depois do período pós pandêmico de 2019 aumentou números de pacientes com transtornos mentais e também a demanda ofertada de profissionais e medicamentos no município. Houve um período sim, de falta de medicamentos, pela falta de insumo em todo Brasil, mas no CAPS 3, assim como todos os outros, estão com medicamentos. Quando falta algum é por conta de insumos, mas já estão sendo reabastecidos. Uma parte chegou entre a quinta e a sexta-feira e estamos à disposição para dúvidas e esclarecimentos. Quanto às férias de funcionários, existe um protocolo específico em cada CAPS, que são divididos por territórios e o psicólogo trabalha por 30 horas semanais e por escala. Existe essa demanda de marcação de consultas sim e não temos nenhum profissional de férias no momento, existe sim, as folgas conforme as escalas, mas férias não”, explica.

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