Pandemia de covid provoca demissão em massa de empregadas domésticas em Feira de Santana, diz dirigente sindical

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Uma categoria massacrada pela pandemia, com demissões e poucas perspectivas. A definição é de Danilo Coqueiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Feira de Santana. Em entrevista ao Programa Jornal TransBrasil, na rádio TransBrasil, o dirigente também denunciou a exploração dos trabalhadores. Confira a entrevista na íntegra:

Rivaldo Ramos – Danilo, esta é uma das profissões mais expostas durante a pandemia. Como é que está a situação dos empregados domésticos em Feira de Santana?

Danilo Coqueiro – É uma situação complicada, não só para Feira, como para todo o país. As trabalhadoras domésticas, vivem expostas ao vírus todo o tempo, porque têm que se deslocar da sua casa, deixar sua família, seus filhos, e ter que ir ao trabalho em situação de risco, de perigo. Então, a classe de trabalhadoras vem sofrendo com tudo, a perda de emprego, a falta do auxílio emergencial para que elas possam manter a família. A perspectiva que nós temos, hoje, é a esperança só em Deus para dias melhores.

Rivaldo Ramos – Existe uma projeção de trabalhadores ficaram desempregados, durante, principalmente, o primeiro ano da pandemia?

Danilo Coqueiro – No primeiro trimestre do impacto dessa pandemia, dentro da cidade, nós observamos que o número de demissões foi em grande. Assim que surgiu o vírus, nós tivemos quase 400 demissões diretas, então isso gerou um impacto muito grande, até avassalador para a nossa classe.

Rivaldo Ramos – O auxílio emergencial do governo atendeu às necessidades, atendeu a todos os trabalhadores, ou muita gente acabou ficando descoberto?

Danilo Coqueiro – Para quem tinha carteira de trabalho assinada, era feito um pedido direto no Ministério da Economia, e era concedido o benefício. Mas para as trabalhadoras que vivem na informalidade, e por ter muitos filhos, ou por ser agregado a muitos familiares que moram na mesma residência, muitas ficaram de fora, muitas nem receberam. E aí entravam na Justiça, tentavam algum recurso para poder conseguir esse benefício, mas muitas pessoas ficaram esquecidas, em meio a isso.

Rivaldo Ramos – Eu observei que no primeiro momento da pandemia, muitos patrões acabaram, talvez com medo de transmitir ou contrair a doença, promovendo essa demissão em massa. Agora, depois desse período, houve também a recontratação, ou o chamamento de trabalhadores. E nesse período aí, existe casos de exploração de trabalhadores, como questão de carga horária, trabalhar até mais tarde, salários cortados?

Danilo Coqueiro – A pandemia alcançou a todos. Então o maior recurso que o empregador tem é: ou ele dispensa sua funcionária, ou ele vai fazer aquilo que chamamos de exploração. Muitas trabalhadoras eram obrigadas a chegar mais cedo e, às vezes, dormir no trabalho, fazendo troca de função, justamente porque o empregador tem medo de ser contaminado, de deixar sua funcionária ir e vir no transporte.

Rivaldo Ramos – Existe uma estimativa de quantos empregados domésticos contraíram o coronavírus no trabalho?
Danilo Coqueiro – Olha, a gente não consegue ter uma exatidão de números, mas a forma do sindicato se basear nisso, foi pelas formas das demissões, porque temos um contato direto com o empregado, e aí a gente chega a perguntar se contraiu ou não a doença, e 90% das demissões foram por conta disso. Não sabe onde contraiu, e muitas delas até alegam que contraiu até dos próprios empregadores.

Rivaldo Ramos – Como o senhor próprio frisou, o grande problema é que essa classe é bastante exposta, principalmente na questão do transporte, né? Existe uma estimativa de quantos trabalhadores domésticos tem em Feira de Santana, baseado até pelo número de associados?

Danilo Coqueiro – Hoje, em Feira de Santana, a gente deve ter, em registro, quase 8 mil empregados domésticos. Filiados ao sindicato nós tivemos uma grande redução. Hoje a gente chega a ter 1500 trabalhadores domésticos filiados ao nosso sindicado. E, muitos desses trabalhadores, formais ou informais, não sabem que existe o sindicato. Depois descobrem, por estar no ponto de ônibus conversando com alguém. Mas, eu quero agradecer essa oportunidade, e eu sei que vai chegar na cidade inteira. O sindicato existe, é ativo na cidade, e estamos prontos e aptos para atender e para ajudar nossa categoria.

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