Para onde vai Zé Ronaldo

Teixeira

José Carlos Teixeira*

O prefeito de Feira de Santana, Zé Ronaldo, que é filiado ao DEM, mas anda à cata de um partido para chamar de seu e pelo qual possa se apresentar como postulante a uma vaga na chapa majoritária da oposição que disputará as eleições do próximo ano, pode mesmo ir parar no PMDB.

Zé Ronaldo quer ser candidato a senador ou a vice-governador. E até mesmo a governador, se ACM Neto desistir da disputa. Não esconde de ninguém que se o cavalo passar selado e sem cavaleiro, ele monta.

Só que fica difícil para o DEM, que já terá o prefeito de Salvador como candidato a governador, ocupar uma segunda vaga na chapa majoritária. Afinal, é preciso abrir espaço para os partidos aliados. Daí a busca de Zé Ronaldo por uma legenda onde possa abrigar-se e pela qual possa pleitear um lugar na chapa.

Uma eventual filiação de Zé Ronaldo ao PMDB chegou a ser noticiada, em notinhas plantadas nas colunas políticas. Mas o deputado federal Lúcio Vieira Lima – que, com o irmão Geddel, comandava com mão de ferro o partido na Bahia – colocou um freio em tal pretensão. Lúcio disse que o prefeito de Feira seria bem-vindo, mas não para ser o indicado do partido à chapa majoritária. “O PMDB não é barriga de aluguel”, descartou.

Mas, como diz a canção de Caymmi, se sabe que o tempo vira. E o tempo virou. Geddel, que está recolhido à penitenciária da Papuda, em Brasília, depois que a Polícia Federal encontrou 51 milhões de reais acondicionados em malas e caixas num apartamento de Salvador e atribuiu a ele a posse da dinheirama, se afastou da direção regional do partido. E também teve seu pedido de licença do cargo de primeiro-secretário da executiva nacional aceito pela cúpula partidária.

Na quarta-feira 13, o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara de Brasília, decidiu remeter ao Supremo Tribunal Federal a investigação sobre os 51 milhões de reais, argumentando que há sinais de provas de envolvimento de Lúcio e que podem levar ao indiciamento dele pelo crime de lavagem de dinheiro. O juiz quer que o STF decida sobre a competência para tocar o processo, uma vez que, como deputado federal, Lúcio tem foro privilegiado.

Com o poder dos irmãos Vieira Lima dentro do PMDB fragilizado e a bancada do partido na Assembleia cobrando uma oxigenação da legenda, duas importantes lideranças do partido defenderam o ingresso de Zé Ronaldo: o vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis – que deverá assumir o cargo de prefeito no próximo ano, quando ACM Neto se desincompatibilizar para disputar a eleição para o governo do Estado – e Herzem Gusmão, prefeito de Vitória da Conquista.

Zé Ronaldo, que em sua longa trajetória política sempre seguiu a máxima que diz que passarinho na muda não fala, segue em silêncio. Mas de olho no cavalo. Ele sabe também que cavalo selado não passa pela porta duas vezes.

*José Carlos Teixeira é jornalista, pós-graduado em marketing político e comentarista de política do programa Olá Bahia.

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