Cada dia é maior o número de mulheres que buscam participar de todas as decisões sobre o seu parto. Com o protagonismo feminino em voga, as mulheres têm conquistado autonomia sobre a escolha de como será o seu parto. Cansadas com as formas que alguns hospitais tratam as mães e seus bebês durante o parto, na maioria das vezes propondo somente a cesárea como alternativa, sendo violento com o corpo da mulher, sem o respeito ao tempo e a fisiologia do processo; as mulheres tem buscado obstetras que entendam o parto de uma maneira diferente, mais humanizado.
Uma linha da obstetrícia entende que o parto humanizado é o ato de devolver o protagonismo à mulher, levando em consideração a autonomia dessa para escolher como o seu parto será feito. Para isso, durante todo o pré-natal, o médico acompanha a evolução do quadro da gravidez, propondo, junto com outros profissionais, formas de preparar corpo, mente e espírito da mãe para a hora do parto. Esses vão desde exercícios físicos como yoga, hidroginástica e meditação, ao acompanhamento de doulas, que são mulheres especializadas em cuidar do preparo e do bem-estar da mãe e do bebê. O lema dos partos humanizados é o RESPEITO, com a mãe e com o tempo da criança que chega ao mundo.
É comum haver alguns casos em que o parto humanizado é feito em casa. Mas isso não é uma regra. Muitos desses partos são feitos em hospitais, com o auxílio de uma equipe médica, anestesia e conforto, podendo a mãe até fazer uma alimentação leve antes do parto.
No entanto, a diferença de um parto ‘normal’ para um parto humanizado é como será feito o procedimento. Neste caso, a mulher pode escolher a posição mais confortável para parir, se é ginecológica, de cócoras ou dentro de uma banheira quente. Também há a possibilidade de escolher ambientes aquecidos à meia-luz que podem auxiliar na hora da contração.
O parto humanizado não é necessariamente um procedimento que deverá ocorrer com aromaterapia, flores e velas, como muitas mulheres podem pensar. Claro que esse ambiente pode deixar o parto mais acolhedor, mas não é uma regra. A principal regra para que o parto humanizado aconteça é que todos os envolvidos saibam respeitar a decisão da mãe e, sobretudo, entender a ritualística do nascer, que faz parte da concepção do sagrado feminino, uma travessia que transforma mulheres em mães.
*Dr. Paulo Noronha – Médico obstetra, especialista em parto humanizado.
