Pesquisador prega cautela sobre vacina contra Covid-19

41826e8d-a9cb-4f5b-919f-0847a4868af4-554x450

A farmacêutica americana Pfizer e a empresa de biotecnologia alemã BioNTech anunciaram que vão entrar com pedido para liberação do uso emergencial da vacina contra a covid-19 na Food and Drug Administration (FDA), órgão que regulamenta medicamentos, vacinas e alimentos nos EUA. A medida é vista como um importante passo que a vacina seja licenciada para uso humano mas também é vista com cautela no meio científico.

Em entrevista ao programa Isso é Bahia, da rádio A TARDE FM (103.9), o cientista baiano e pesquisador do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), Gustavo Cabral de Miranda, explicou que ainda existem etapas que devem ser cumpridas antes de uma vacinação em larga escala.

“Mesmo que a gente tenha uma vacina licenciada para uso humano, é muito complicado que ela chegue para a a população de forma tão rápida assim. Muitas coisas que foram publicadas ainda são notícias e ainda não tiveram seus dados publicados em revistas científicas e apresentados para os órgãos responsáveis. A Pfizer mostrou seus estudos de eficácia mas em uma revista científica são outros dados que precisam ser apresentados. Então mesmo que os resultados sejam animadores, até então não houve essa especificação detalhada dos dados. Eles falaram por exemplo que uma semana após a segunda dose, gera uma proteção de 95%. Mas por quanto tempo ela gera essa proteção? Não há dados sobre a durabilidade ainda”, afirmou o pesquisador.

Ainda de acordo com o pesquisador, a corrida para a obtenção de uma vacina não está necessariamente pulando etapas do processo científico. Mas, segundo ele, é preciso ter cautela no momento para evitar que um estado de ansiedade tome conta da população e acabe pressionando governos e comitês científicos de todo o mundo a acelerar um processo que tem que ser minunciosamente controlado.

“Inicialmente é possível pular etapas como aquela formulação inicial das vacinas sobretudo pelo investimento muito alto. O mundo parou para desenvolver a vacina, então dá para acelerar. Agora não pode ter uma pressa muito maior pois esse é o momento em que iremos saber se a vacina realmente protege e gera a memória do sistema imunológico que vai proteger de fato do vírus. Então é preciso ter um cuidado maior. E não falo isso para desanimar e sim para que não comece um estado de ansiedade que force a ciência a apresentar resultados apressadamente”, explicou.

“As coisas estão caminhando mas não dá pra apressar com promessas irreais. Para mim, é impossível que tenhamos uma vacina liberada ao público ainda esse ano justamente por essas questões. Em 2021 nós estaremos lutando para imunizar a população. Primeiramente as pessoas do grupo de risco e depois passar para a população de modo geral. Antes desse processo é preciso que continuemos com os cuidados básicos”.

 

*A Tarde

Outras Notícias