Expostos diariamente a situações de estresse e em que a própria vida é colocada em risco, os Policiais Militares se enquadram na categoria de profissionais onde a capacidade física e emocional é fundamental. O despreparo destes agentes pode gerar vítimas, inclusive fatais, como foi o caso do motoboy André de Souza Fernandes, de 37 anos, morto a tiros pelo PM Elton da Silva Mares, em Guarulhos, na Grande São Paulo, no último dia 21/05. O policial de 32 anos, ainda feriu outro motoboy, ao descer de seu carro e começar a atirar a esmo, sem nenhum motivo aparente. A polícia acredita que Elton teve um surto psicótico após uma situação de estresse. O policial precisou ser levado para uma clínica e contido através de sedação. O PM já havia solicitado acompanhamento psicológico na Corregedoria, mas não tinha sido afastado de suas atividades. Um dia antes ele havia reagido a um assalto, matando o bandido no ato.
Para o médico psiquiatra Luis Fernando Pedroso, diretor Clínico do Espaço Holos, em Salvador, situações como esta ocorrem pela “não qualificação dos policiais, expostos constantemente a riscos e níveis altíssimos de estresse emocional e a conivência do poder público e das autoridades”. O especialista culpa ainda “a forma como a doença mental é menosprezada e ignorada em nossa sociedade”, o que acaba gerando vítimas diariamente. “É preciso ter a consciência de que doença mental mata, tanto o paciente quanto pessoas próximas ou inocentes”, conclui Pedroso.
De acordo com Dr. Luis Fernando, a pessoa em surto psicótico passa a ter um comportamento estranho, fica agitada, pode tornar-se agressiva ou tende a se isolar e pode colocar a vida dela e de outras pessoas em risco. “O surto pode ser causado por diversos fatores, como predisposição a doenças psiquiátricas, por exemplo, transtorno bipolar e esquizofrenia ou desencadeada pelo uso e abstinência de substâncias químicas”, explica.
O psiquiatra alerta que uma pessoa em surto psicótico deve ser tratada como uma emergência médica, exigindo tratamento especializado que, neste caso, seria uma internação psiquiátrica que o mantivesse afastado do convívio social até a remissão do quadro psicótico.