Rebelião em prisão de Manaus deixa ao menos 60 mortos

Autoridades dizem que revolta foi motivada por briga entre facções (Foto: Reprodução/Deutsche Welle)
Autoridades dizem que revolta foi motivada por briga entre facções (Foto: Reprodução/Deutsche Welle)

Uma rebelião violenta no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, terminou na manhã desta segunda-feira (02/01) com ao menos 60 mortos, afirmou o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes. Esta é a maior matança num presídio brasileiro desde 1992, quando 111 detentos foram mortos por policiais durante o massacre do Carandiru, em São Paulo.

O motim começou no início da tarde de domingo, durante o horário de visita, e terminou quase 17 horas depois. Ao menos 12 agentes penitenciários da empresa terceirizada Umanizzare e 74 presos foram feitos reféns. Parte desses detentos foi assassinada e ao menos seis foram decapitados. Corpos foram arremessados por sobre os muros do complexo. Os agentes foram libertados pela manhã sem ferimentos.

As autoridades estaduais afirmaram que o conflito foi motivado por brigas entre duas facções rivais, o Primeiro Comando da Capital (PCC), com base em São Paulo, e a Família do Norte (FDN), aliada do Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro. “Tudo indica que foi o ataque de uma facção maior contra uma menor para eliminar a concorrência”, afirmou Fontes, na noite de domingo.

As autoridades estaduais ainda não sabem ao certo quantos presos conseguiram fugir do Compaj, que abriga 1.072 detentos, segundo o site da empresa administradora. Segundo o site de notícias G1, autoridades locais estimam que mais de 130 detentos possam estar foragidos. Poucas horas antes do início da rebelião no Compaj, dezenas de detentos tinham conseguido escapar de outra unidade prisional de Manaus, o Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat).

Segundo Fontes, as forças de segurança optaram por não entrar no Compaj por considerar que as consequências seriam imprevisíveis. “[A rebelião] foi gerida com negociação e com respeito aos direitos humanos”, disse Fontes, garantindo que os líderes da rebelião serão identificados e responderão pelas mortes e outros crimes.

“Vi muitos corpos, parecendo que morreram entre 50 a 60 presos (pessoas), mas difícil afirmar, pois muitos estavam esquartejados”, escreveu o juiz de Vara de Execuções Penais, Luíz Carlos Valois, em seu perfil no Facebook. Ele participou das negociações com os presos durante a rebelião. “Nunca vi nada igual na minha vida, aqueles corpos, o sangue…”, disse o juiz.

Deutsche Welle

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