Secretário da Cultura é demitido após frase de nazista

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O secretário de Cultura do Governo Federal, Roberto Alvim, foi demitido do cargo na manhã de hoje (17). A exoneração foi confirmada pela assessoria da pasta, após Alvim citar em um vídeo trechos de um discurso do ideólogo nazista Joseph Goebbels.

“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, diz Alvim no vídeo.

“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, disse Goebbels em pronunciamento para diretores de teatro, de acordo com o livro Goebbels: a Biography, de Peter Longerich.

A fala de Alvim provocou reações de diversas autoridades e entidades brasileiras. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) classificou o episódio como “inaceitável” e afirmou que “o secretário da Cultura passou de todos os limites”. Para Maia, “O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo.”

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) também repudiou o vídeo no qual o secretário da Cultura cita trechos de um discurso do ministro da Propaganda nazista e pediu o afastamento imediato de Alvim do cargo. Para a entidade, a fala do secretário é “inaceitável” e “é um sinal assustador” da visão de cultura dele.

O texto lido por Alvim em tom solene e pausado é bem mais longo, com outros trechos claramente inspirados pela ideia copiada de Goebbels. A peça de Wagner escolhida por secretário é um trecho da ópera Lohengrin, de Richard Wagner, que Hitler disse sua autobiografia ter tido importância capital em sua vida.

Em sua longa fala, Alvim diz que a cultura sob Bolsonaro terá inspiração nacional, religiosa. “Trata-se de um marco histórico nas artes brasileiras”, diz ele, sobre o prêmio. “2020 será o ano de uma virada histórica. 2020 será o ano do renascimento da arte e da cultura do Brasil”, encerra.

Após a repercussão negativa da sua fala, Alvim, fez uma nota de esclarecimento em sua conta no Facebook acerca do discurso. Ele disse que a “esquerda” está fazendo uma “falácia de associação remota” entre sua fala e o ideólogo do nazismo. Omite o fato de que recebeu críticas de seu guru, Olavo de Carvalho, e de outros expoentes da ala olavista da cultura.

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