Setembro Amarelo : A importância de falar sobre prevenção ao suicídio

Foto: Deise Campos
Foto: Deise Campos

A campanha Setembro Amarelo, uma iniciativa brasileira de prevenção ao suicídio que teve início em 2015, tem ganhado relevância significativa. Este mês foi escolhido devida ao Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, marcado em 10 de setembro desde 2003. O psicólogo e psicanalista Carlos Kruschewsky, em entrevista ao site Olá, enfatizou a importância desta campanha na sociedade, destacando a necessidade de abordar o tema constantemente e chamar a atenção de toda a sociedade.

Carlos Kruschewsky inicia a entrevista ressaltando o papel crucial de Setembro Amarelo na promoção da saúde mental e na prevenção de mortes relacionadas a problemas de saúde mental, incluindo o adoecimento psicológico. Ele enfatiza que o sofrimento mental pode levar a tragédias, sublinhando a urgência de abordar essa questão.

No contexto do suicídio, o psicólogo e psicanalista destaca a existência de dois modelos de comportamento suicida: a “entrada em cena” e a “saída de cena”. Esses modelos diferem substancialmente. “A “saída de cena” envolve um indivíduo que já planejou e decidido sobre o suicídio, muitas vezes não interessado em buscar ajuda, embora seja desafiador alcançar essas pessoas, é possível persuadi-las a reconsiderar seus planos, uma vez que podem deixar sinais sutis”, alerta.

Por outro lado, a “entrada em cena” representa indivíduos que tentam comunicar sua angústia e sofrimento, pois não encontram outras formas adequadas de expressar sua dor. “Eles podem recorrer a esse ato desesperado devido à falta de alguém que os ouça, à sensação de desinteresse por parte dos outros ou à dificuldade de encontrar as palavras certas para compartilhar seu sofrimento. É importante notar que essas tentativas não se concentram necessariamente na morte, mas sim na busca de uma solução para um problema intratável. Infelizmente, em alguns casos, essas tentativas resultam em morte, frequentemente por acidente”.

Quando questionado sobre como amigos e familiares podem ajudar alguém que está enfrentando dificuldades relacionadas ao suicídio, Kruschewsky destaca a importância de entender que ninguém saudável está ativamente buscando a morte. “Aqueles que falam sobre isso geralmente estão sofrendo de algum tipo de adoecimento, frequentemente associado à depressão. Portanto, é fundamental estar atento aos sintomas de depressão, como isolamento social, crises frequentes de choro e ansiedade persistente”, esclarece.

Carlos Kruschewsky também alerta para os sintomas do planejamento do suicídio, observando que um psicólogo menos familiarizado com esse processo pode interpretar erroneamente sinais de melhora no paciente. Por exemplo, quando um indivíduo em terapia, que estava profundamente deprimido, toma a iniciativa de reconciliar-se com alguém com quem tinha brigado há muito tempo ou resolve questões pendentes, pode parecer que ele está melhorando. No entanto, na realidade, ele está em uma jornada para concretizar seu plano, buscando minimizar o impacto de sua decisão nas pessoas ao seu redor. Esses sinais são sutis, mas indicam um sofrimento psicológico subjacente que requer atenção.

Em resumo, o Setembro Amarelo desempenha um papel vital na conscientização sobre a prevenção do suicídio e na promoção da saúde mental. Reconhecer os diferentes modelos de comportamento suicida e estar atento aos sinais de sofrimento mental é fundamental para salvar vidas e oferecer apoio às pessoas que estão passando por momentos difíceis.

Por: Mayara Silva

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