O coordenador geral do Sindicato dos Servidores Penitenciários da Bahia (Sinspeb), Geonias Oliveira, esteve em Feira de Santana acompanhado a rebelião no Conjunto Penal e denunciou que o risco de motim é constante. “Nada impede que essa situação volte a acontecer, pois os outros blocos também estão superlotados. O número de agentes penitenciários é muito pequeno e eles não têm equipamentos de vigilância e proteção individual. São 22 agentes por turno para cerca de 1.500 presos. É humanamente impossível vigiar e fazer a revista em cada detento”, denuncia.
O presídio feirense possui capacidade para cerca de 600 presos. No Pavilhão 10, onde ocorreu a rebelião, a capacidade máxima é de 148 detentos, porém estava com 336. “Havia só dois agentes nesse pavilhão. O CNPCP [Conselho Nacional de Políticas Criminais e Penitenciárias] e a ONU [Organização das Nações Unidas] determinam que precisa haver um agente para cada cinco presos. A tragédia poderia ter sido maior”, pontua o sindicalista.
Geonias Oliveira informou também que o sindicato já havia encaminhado à Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) relatórios sobre a insegurança no presídio feirense, além de ter apresentado à pasta propostas para tentar resolver o problema. O sindicalista afirmou que um sistema de monitoramento poderia evitar o motim. “Quando o preso vai agir numa situação de rebelião, há toda uma movimentação no pátio. Então, com o sistema ela poderia ter sido detectada e denunciada com antecipação para que um grupamento chegasse e invadisse o local antes que a situação acontecesse. Os presos trabalham com planejamento estratégico e recebem, inclusive, instruções de fora”, frisa.
Com saldo de nove mortos, a rebelião foi iniciada durante o horário de visitas na tarde de domingo (24) e encerrada na manhã da segunda-feira (25). Cerca de 70 familiares de presos, inclusive crianças, foram feitos reféns. O motim, começado em uma briga entre grupos de detentos rivais, teve repercussão nacional através dos principais sites de notícias e telejornais do país.
Com informações do repórter Carlos Valadares (Jornal Transamérica).