Vacinas contra HIV entraram na terceira e última fase de testes em pesquisa liderada pela Uganda

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Em uma das últimas oportunidades da década de conseguir uma vacina contra o vírus HIV, pesquisadores africanos deram início à fase três de testes do imunizante PrEPVacc, um conjunto de injeções contra o vírus da aids. Esta é a última etapa para a aprovação de uma vacina.

Nos últimos três anos, três outros imunizantes chegaram à essa fase, mas nenhum se provou eficaz em prevenir a infecção pelo vírus. Como o processo de teste e aprovação de vacinas é complicado, caso o PrEPVacc não tenha bons resultados, a comunidade científica duvida que alguma fórmula seja lançada antes de 2030.

O desenvolvimento da fórmula foi financiado por instituições europeias, mas cientistas africanos da Medical Research Council/Uganda Virus Research Institute criaram a vacina e os testes também serão feitos apenas na África.

É importante que, mesmo com a PrEP, a camisinha continue a ser usada nas relações sexuais: o medicamento não previne a gravidez e nem a transmissão de outras doenças sexualmente transmissíveis, como clamídia, gonorreia e sífilis, por exemplo Keith Brofsky/Getty Images

HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causador da aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebida Getty Images

A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids Anna Shvets/Pexels.

Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico.

O uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas iStock

O tratamento é uma combinação de medicamentos que podem variar de acordo com a carga viral, estado geral de saúde da pessoa e atividade profissional, devido aos efeitos colaterais iStock

Em 2021, um novo medicamento para o tratamento de HIV, que combina duas diferentes substâncias em um único comprimido, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Hugo Barreto/Metrópoles

A empresa de biotecnologia Moderna, junto com a organização de investigação científica Iavi, anunciou no início de 2022 a aplicação das primeiras doses de uma vacina experimental contra o HIV em humanos.

O ensaio de fase 1 busca analisar se as doses do imunizante, que utilizam RNA mensageiro, podem induzir resposta imunológica das células e orientar o desenvolvimento rápido de anticorpos amplamente neutralizantes (bnAb) contra o vírus Arthur Menescal/Especial Metrópoles

Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças aprovou o primeiro medicamento injetável para prevenir o HIV em grupos de risco, inclusive para pessoas que mantém relações sexuais com indivíduos com o vírus spukkato/iStock

O Apretude funciona com duas injeções iniciais, administradas com um mês de intervalo. Depois, o tratamento continua com aplicações a cada dois meses iStock

Esses medicamentos atuam diretamente no vírus, impedindo a sua replicação e entrada nas células, por isso é um método eficaz para a prevenção da infecção pelo HIV iStock

É importante que, mesmo com a PrEP, a camisinha continue a ser usada nas relações sexuais: o medicamento não previne a gravidez e nem a transmissão de outras doenças sexualmente transmissíveis, como clamídia, gonorreia e sífilis, por exemplo Keith Brofsky/Getty Images

Como será o estudo da vacina

O ensaio vai testar quatro doses de duas opções de vacina. Nas etapas anteriores, cada uma delas teve cerca de 30% de eficiência, menor que o mínimo de 50% para aprovação.

Para tentar aumentar a eficácia do imunizante, ele será combinado com um esquema de PrEP de 26 semanas. A PrEP é um tratamento medicamentoso que impede a infecção, mas é preciso uso diário e contínuo do remédio para que funcione.

O estudo deve terminar em 2024. O objetivo é identificar se a forma combinada é capaz de ensinar o corpo a se prevenir a longo prazo do vírus sem precisar da administração diária dos medicamentos. A eficácia da vacina com a PrEP deve atingir, no mínimo, 70%.

“Os participantes do estudo PrEPVacc estão ajudando a ciência a progredir para encontrar um campo de prevenção mais amplo para o HIV e estamos verdadeiramente gratos a cada um deles”, agradece o médico Eugene Ruzagira, diretor dos testes em Uganda.

Metrópoles

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