Disco de vinil volta a ser procurado e vira tendência entre amantes da música

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Já é uma realidade a forte tendência de a indústria fonográfica voltar a incentivar as vendas do bom e velho disco de vinil. Foram os americanos que, nos anos 40 do século passado criaram o Long Play (LP), formato que permitiu, nas décadas seguintes, artistas do mundo inteiro divulgar seus trabalhos junto ao grande público. Mas, com os avanços da era digital o querido vinil vinha perdendo espaço. Porém, os jovens de hoje estão fazendo o que bem fizeram seus pais e avós: descobrindo o prazer de escutar aquela canção que toca no rádio numa boa e insubstituível vitrola.

“Ouvir música num disco de vinil nunca deixou de ser prazeroso. Em casa nós temos uma velha radiola que pertenceu ao meu pai e continua funcionando de boa”, relata o universitário Almir Cardoso, 20, declaradamente “apaixonado por vinil”, ao jornal Tribuna da Bahia.

O vinil se tornou obsoleto a partir da segunda metade da década dos anos 90, quando os artistas pararam de gravar no formato. Para muitos, o vinil deixou de tocar para virar peça de decoração, a maioria se desfez de suas vitrolas optando pelas novas mídias e a decadência do produto resultou em discotecas empoeiradas em cantos de quartos e salas.

A comerciante de discos Áurea Ramos, 65, há 42 anos diz ser “resistente” na Praça da Sé com a sua loja repleta de vinis. “Eu tinha duas lojas na Baixa dos Sapateiros e só trabalhava só no ramo do vinil. Depois chegaram os CDs e o vinil caiu, mas agora retornamos porque a procura está maior do que o CD”, revela entusiasmada com a nova tendência do mercado musical. Ela vende LPs de vários gêneros, com desconto de até 25 %. “O perfil de compradores hoje é mais de jovens”, diz. A empresária, neta de professores de música, afirma não se desfazer do toca-discos que tem em casa “por nada neste mundo”.

Nas prateleiras da loja, instalada num imóvel colonial, CDs, discos e fitas cassetes estão à disposição da clientela, em sua maioria de baianos e turistas nacionais. Não muito longe da Praça da Sé, precisamente na Barroquinha, outros comerciantes também investem na compra e venda de discos de vinil para um público consumidor que cresce a cada dia.

O pequeno espaço de Antônio Rui Costa Brito, 46, na Barroquinha, empilhado de vinis, mais lembra uma banca de jornal. Há mais de 30 anos ele cravou seu negócio no final do terminal de ônibus e não se arrepende, muito pelo contrário: “Na minha área só trabalho com disco de vinil, long play, compacto simples, duplo, e sempre foi um bom negócio”, garante.

Rui dos Discos, como é conhecido, informa que “atualmente é o rock e o reggae que mais o pessoal procura. Os discos de Altemar Dutra, Nelson Gonçalves, Agostinho dos Santos, Dalva Oliveira, ainda saem, mas muito pouco. Meus discos são baratos, a partir de R$ 10, mas tem de R$ 30, R$ 40”, afirma. Próximo de Rui, o ponto Bazar Som 3, não para de receber visitas de colecionadores, pesquisadores, admiradores do vinil. Desde 1975 que Miguel Rodrigues dos Santos, 61, faz coleção e atualmente acredita ter mais de 10 mil acetatos disponíveis.

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