“É a economia, estúpido”: de olho na reeleição, Bolsonaro lança pacote de bondades

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José Carlos Teixeira*

It’s the economy, stupid

(James Carville)

 

Em 1992, o economista James Carville, marqueteiro de Bill Clinton, criou um bordão – “É a economia, estúpido” – que orientou toda a campanha vitoriosa do candidato democrata à presidência dos Estados Unidos sobre o republicano George H. W. Bush, que tentava a reeleição.

Enquanto Bush falava de segurança nacional e soberania, fazendo da vitória americana na Guerra do Golfo o cavalo de batalha de sua campanha, Carville, com base em pesquisas qualitativas, percebeu que os eleitores estavam mais preocupados com a crise econômica, os preços altos e a dificuldade para comprar imóveis.

Na mosca: como se sabe, Clinton derrotou Bush, graças sobretudo à correta percepção dos sentimentos do eleitorado naquele momento, e a frase de James Carville entrou para a história do marketing político.

Com a economia desaquecida, a inflação em alta e a taxa de juros em contínua ascensão, o presidente Jair Bolsonaro, atrás nas pesquisas eleitorais, lançou nesta quinta-feira, 17, um “pacote de bondades”, visando aumentar o volume de dinheiro em circulação no país  e estimular o consumo, como parte de sua agenda de reeleição.

A palavra de ordem é seguir o modelo de Carville e cuidar para reaquecer a economia. Afinal, uma pesquisa realizada no início deste mês pela Quaest mostrou que quase metade dos eleitores (47%) apontaram a economia (desemprego, inflação e crescimento) como o principal problema do país. Em janeiro, eles eram 37%.

O pacote desembalado pelo governo traz quatro medidas que devem resultar na injeção de R$ 165 bilhões na economia, nos cálculos do governo: antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas, saques extraordinários de até R$ 1 mil do FGTS, oferta de microcrédito digital e ampliação da margem de empréstimo consignado.

As “bondades” do pacote alcançam majoritariamente os eleitores situados nas camadas mais pobres da população, faixa onde o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas, registra índices de intenção de votos mais elevados.

Para os estrategistas do Palácio do Planalto, é na conquista dessa faixa do eleitorado que estão as chances de crescimento da candidatura do presidente. Mais especificamente nas classes C- e D+, formadas por eleitores que ganham entre R$ 276 a R$ 1.093 de renda familiar per capita e que representam 37% do total do eleitorado do país.

O plano prevê a liberação desses recursos gradativamente, a partir do próximo mês. Caso estas “bondades” não sejam suficientes, outras medidas poderão sair dos laboratórios da campanha bolsonarista nos próximos meses.

A lição de Carville ficou: é a economia. Se ela vai mal, não adianta os sucessos alcançados em outros setores.

 

*José Carlos Teixeira é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político pela Universidade Católica do Salvador.

 

 

 

 

 

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