Envelhecimento populacional e o impacto na qualidade de vida dos indivíduos

Foto: Reprodução
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Uma das maiores conquistas culturais de um povo em seu processo de humanização é o envelhecimento de sua população, refletindo uma melhoria das condições de vida. De acordo com projeções das Nações Unidas (Fundo de Populações) “uma em cada 9 pessoas no mundo tem 60 anos ou mais, e estima-se um crescimento para 1 em cada 5 por volta de 2050”. (…) Em 2050 pela primeira vez haverá mais idosos que crianças menores de 15 anos (SDH). No Brasil considera-se idoso o indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos, representando aproximadamente 12,6% da população brasileira total (IBGE, 2013). Uma das consequências do processo de envelhecimento é a redução da massa e força muscular conhecido com o termo “sarcopenia”; o aumento de massa gorda intramuscular e diminuição da massa óssea (osteopenia/osteoporose).

A sarcopenia é considerada uma síndrome geriátrica caracterizada pela redução da massa muscular esquelética, força muscular e desempenho físico, podendo diminuir a capacidade funcional e a qualidade de vida do idoso. Os fatores associados à sarcopenia são: o declínio dos hormônios sexuais (testosterona e estrogênio); o declínio no gasto de energético; a redução da ingestão alimentar devido a fatores como perda do apetite, redução do paladar e do olfato, saúde oral prejudicada, saciedade precoce, fatores psicossociais, econômicos e medicamentosos e ainda, ingestão reduzida de proteínas e baixo nível de atividade física, entre outros fatores. Reconhecer a presença dessa síndrome é fundamental para reduzir os impactos negativos na qualidade de vida dos indivíduos.

Os principais comprometimentos para o idoso estão relacionados à dificuldade para se movimentar, andar, além de aumentar o risco de quedas e fraturas, dificuldades para realizar as atividades do dia-a-dia diminuindo a independência funcional. Para avaliar a presença da sarcopenia deve-se procurar um profissional da área da saúde tal como médico; profissional de educação física; fisioterapeuta; nutricionista.O profissional da saúde habilitado poderá mensurar a circunferência da panturrilha que deve ser > 31cm; a força muscular por meio do teste de preensão manual (FPM),sendo adequados valores ≥ 17 kg para mulheres e ≥ 29 kg para homens; e a velocidade da marcha que deve ser maior do que 0,8m/s. Valores abaixo dos citados podem indicar quadro de sarcopenia. Para prevenir a sarcopenia tem sido recomendado a suplementação nutricional ou a melhora na qualidade da alimentação e a prática da atividade física.

Um dos fatores mais importantes da perda de massa muscular com o envelhecimento é a alimentação. Um nutriente frequentemente reduzido na dieta de idosos é a proteína animal (carnes, leites, ovos). A redução na ingestão de proteína por tempo prolongado pode comprometer a massa celular e muscular. Novas evidências demonstram que idosos precisam ingerir mais proteínas do que os adultos para manutenção de uma boa saúde, promoção e recuperação de doenças e manter a funcionalidade. Consensos atuais sugerem a ingestão de 1,0 a 1,2g de proteína/kg de peso por dia. Essa quantidade de proteína deve ser fracionada ao longo do dia, fornecendo 25 a 30g de proteína por refeição (ver sugestão de cardápio abaixo). É importante lembrar que não basta apenas que o idoso aumente a ingestão de proteínas. A associação de proteínas, além da adequação na ingestão de energia e a associação com o exercício físico é fundamental.

Os exercícios mais indicados para prevenção da sarcopenia são o treinamento resistido (musculação). Alguns autores recomendam exercícios resistidos, progressivos (quando tolerado) duas a três vezes por semana, durante 10 a 15 minutos por sessão, combinados com o aumento da ingestão diária de proteínas de pelo menos 1,2g proteína/kg e o consumo de proteínas logo após a realização do exercício físico, para haver ganho de massa muscular.

Outro aspecto que parece auxiliar na redução da sarcopenia, no declínio funcional e no risco de quedas é manter os níveis sanguíneos de vitamina D dentro dos valores adequados.

Como a maioria das pessoas idosas apresenta alguma doença crônica, é importante que se busque um profissional nutricionista para adequar a ingestão proteica e/ou recomendar o uso de suplemento alimentar de acordo com o estado nutricional e a severidade da doença. A seguir apresentamos uma lista de alimentos ricos em proteína e leucina e um modelo de uma refeição contendo aproximadamente 30g de proteína.

*Artigo elaborado por Simone Biesek, Nutricionista e Coordenadora do Curso de Nutrição do UniBrasil Centro Universitário; pelos profissionais de Educação Física Derick Andrade Michel, Maria de Fátima Aguiar Lopes, Valderi Abreu de Lima e pela fisioterapeuta, Daisy Alberti, sob supervisão da professora Anna Raquel S. Gomes do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UFPR.

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