Faltam três meses para o estouro da boiada

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Não haverá coligações proporcionais nas eleições de 2022. Isso significa, em princípio, que os partidos terão que disputar de forma isolada as vagas na Câmara dos Deputados e nas assembleias legislativas.

Com isso, a disputa por uma cadeira parlamentar será bem maior que no tempo em que os partidos podiam coligar-se – acabou aquela história de um candidato a deputado bem votado de um partido ajudar a eleger um menos votado de outra legenda. Sem coligação, é cada partido por si.

Por conta disso, deverá ser intenso o troca-troca partidário de deputados estaduais e federais em busca de legendas nas quais acreditam que terão mais chances de serem eleitos – princípio que vale também para os que hoje são suplentes e para os que vão candidatar-se pela primeira vez.

A data para o estouro da boiada já está marcada: em março, quando será aberta a chamada janela partidária – um período de 30 dias, seis meses antes do pleito, em que a legislação eleitoral permite que os parlamentares troquem de legenda sem perder o mandato por infidelidade partidária.

A procura por uma legenda mais favorável será maior entre os parlamentares da base do governador Rui Costa. É que, ao contrário de 2018, dessa vez a oposição terá um candidato competitivo na disputa pelo governo do Estado, segundo apontam todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até agora.

Um candidato a governador competitivo influi positivamente na eleição da chapa dos candidatos a deputado dos partidos que o apoiam.

Como o número de cadeiras na Câmara Federal e na Assembleia (39 e 63, respectivamente) é fixo, é óbvio que o aumento da bancada da oposição implica redução na bancada governista – e vice-versa.

Lá em cima, escrevi que os partidos disputarão as vagas isoladamente “em princípio”, porque a legislação permite que duas ou mais legendas se reúnam em uma federação para disputar a eleição, ficando, porém, obrigados a manter a união por pelo menos quatro anos e a atuar de maneira uniforme em todo o país.

Ou seja, a federação tem caráter nacional, vigorando em todos os estados – o que, convenhamos, não é fácil de ser efetivado, pois acaba com aqueles arranjos regionais, pelos quais um partido se coligava com outro na Bahia, com um terceiro no Ceará, com um quarto no Rio Grande do Sul e assim por diante, passando por cima das respectivas orientações ideológicas ou programáticas.

Tanto que, até agora, a menos de dez meses da eleição, cogita-se a formação de uma única federação partidária para a eleição do próximo ano, reunindo PT, PCdoB e PSB – o prazo para o registro da federação na Justiça Eleitoral acaba no dia 2 de abril.

 

*José Carlos Teixeira é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político pela Universidade Católica do Salvador.

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