Governo ainda não chegou chegando no contracheque dos professores aposentados

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José Carlos Teixeira*

 

“Mas o que eu quero é lhe dizer

Que a coisa aqui tá preta

É pirueta pra cavar o ganha-pão”

(Meu caro amigo, de Chico

Buarque e Francis Hime)

 

Com pouco tempo no cargo, ainda um pouco descolada da realidade, mas imbuída das melhores intenções, a secretária estadual de Educação, professora Adélia Pinheiro, conclamou professores aposentados a retornarem às escolas, como voluntários, para se integrarem ao esforço do governo para melhorar a qualidade do ensino.

Seria uma ajuda para reverter as péssimas colocações da Bahia no ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (o Ideb, que mede a qualidade do ensino no Brasil) referente ao ensino médio, que é de responsabilidade do Governo do Estado, conforme dispositivo constitucional.

A ideia foi apresentada pela secretária em discurso na inauguração de um colégio estadual de tempo integral na pequena cidade de Presidente Dutra, na região de Irecê. Segundo ela, o governo estava fazendo sua parte, ao construir e entregar um moderno prédio escolar, e esperava uma retribuição da parte dos professores aposentados, trabalhando como voluntários em atividades desenvolvidas nos sábados e domingos.

Na oportunidade, a secretária prometeu voltar à cidade para conferir se a proposta, fruto dos mais elevados e nobres ideais voluntaristas do escotismo (ou seria do bandeirantismo?), encontrara guarida entre os professores locais aposentados.

Melhor não o fazer. Não vai dar certo. É que a relação de parte dos professores aposentados com a administração estadual não anda boa. O foco da discórdia é a insistência do governo em manter os proventos de parte dos mestres aposentados abaixo até mesmo do valor do salário mínimo.

O autodenominado “Movimento de Apoio aos Aposentados da Bahia”, que congrega uma parcela deles, encaminhou um documento ao governador Jerônimo Rodrigues reivindicando a isonomia salarial entre os professores que estão na ativa e os aposentados. Eles querem receber pelo menos o piso nacional da categoria, hoje no valor de R$ 2.210 para contrato de 20 horas.

Um dos líderes da turma, a professora Geracina Aguiar, uma petista histórica (foi fundadora do PT e primeira vereadora eleita pelo partido em Salvador), se diz esperançosa, embora reivindicação semelhante já tenha sido apresentada aos dois governadores que antecederam o atual, sem sucesso.

Outros professores aposentados, contudo, ressabiados, defendem o caminho da Justiça como única alternativa de luta. Fora das salas de aula, não podem pensar em fazer greve nas escolas – e greve de fome, muitos já a estão fazendo, de certa forma. Compulsoriamente.

 

*José Carlos Teixeira é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político, mídia, comportamento eleitoral e opinião pública pela Universidade Católica do Salvador.

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