Nasci na zona rural. Sou filho de um vaqueiro. Meu pai era um pequeno agricultor. Pequeno ainda, vi muitas vezes a ansiedade com que ele e os vizinhos, também pequenos agricultores, aguardavam a chegada do 19 de março, Dia de São José.
Nesse dia, desde cedo, eles dirigiam os olhos para o céu, à procura de uma nuvem, por menor que fosse. Buscavam um sinal de chuva, capaz de lhes fortalecer a esperança. A esperança da colheita garantida, da sobrevivência do pequeno rebanho, e a certeza de que suas famílias não iriam passar fome ou sofrer com a sede.
Eles sabiam, como todos nós sabemos, ainda hoje, que se não chover até o 19 de março, Dia de São José, a seca é inevitável.
A Bahia, como todo o Nordeste, enfrenta uma seca que é apontada como a maior dos últimos 100 anos. Mais de metade dos municípios baianos estão em situação de emergência. Dos 417 municípios da Bahias, 221 estão nesta situação.
A própria capital, Salvador, está ameaçada de enfrentar problemas no fornecimento de água em decorrência da redução do volume nos mananciais que a abastecem
Neste domingo, Dia de São José, milhões de sertanejos na região do Semiárido repetiram esse ritual de erguer os olhos para o céu à cata de um pouco de esperança.
Mas o Dia de São José passou e não choveu em grande parte da Bahia. Sinal de que a seca vai perdurar por mais um ano.
Isso significa que a luz vermelha deverá continuar acesa em todos os órgãos do Estado capazes de executar ações para amenizar os efeitos da seca e prestar assistência à população afetada pela estiagem.
O Dia de São José nos deixa um alerta. Que não se diga, adiante, que faltou aviso. A natureza já avisou ao homem do campo e aos governantes: a seca vai continuar.
*Carlos Geilson é radialista e deputado estadual da Bahia pelo PSDB.