Partidos abrem a temporada de caça a candidatos para rechear as chapas de deputado

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José Carlos Teixeira *

“Quem está fora não entra,
Quem está dentro não sai.”

 (Pistom de Gafieira, samba de Billy Blanco)

Acabou o longo período de vai-não-vai que vinha apertando a mente de centenas de deputados Brasil afora: está fechada a janela partidária, que durante trinta dias permitiu que parlamentares pudessem mudar de partido livremente, sem correr o risco de perder o mandato por infidelidade partidária.

O tempo do troca-troca passou e agora é como quando ocorre briga na gafieira: quem está fora não entra e quem está dentro não sai.

Todos tiveram tempo suficiente para avaliar qual legenda lhes seria mais conveniente para disputar a reeleição com maior chance de sucesso – ou a eleição, no caso de deputados estaduais que vão candidatar-se a uma cadeira na Câmara Federal

Os motivos para trocar de partido foram os mais diversos, mas é quase certo que nenhum dos que trocaram de legenda o fez por motivação ideológica – afinal, coerência ideológica é produto cada vez mais raro na cena política do Brasil. Para todos, a troca partidária teve um mesmo objetivo estratégico: ampliar as possibilidades de sucesso na disputa.

Passada essa etapa, com os detentores de mandatos devidamente acomodados em seus partidos – originais para a maioria, novos para alguns – abre-se uma nova fase no calendário eleitoral: agora é a desesperada busca por gente disposta a candidatar-se, de modo a preencher todas as vagas das chapas de deputado, inclusive contemplando a cota de 30% reservada para as mulheres.

Mas não se busca um candidato qualquer. O pretendente tem que ter votos, tem que apresentar potencial eleitoral. Acabou aquele tempo em que se registravam candidatos laranjas – normalmente funcionários públicos que, licenciados, trabalhavam para outra candidatura e ao final, abertas as urnas, via-se que nem eles mesmo haviam se concedido um voto.

Com o fim da coligação para as eleições de deputado, agora é cada partido por si – exceto no caso de dois ou mais se unirem em uma federação, uma novidade dessa eleição. Isso significa que o bom ou mau desempenho de cada legenda vai depender única e exclusivamente da quantidade de votos que ela receber.

Daí porque todo e qualquer cidadão que reúna as condições objetivas para atrair eleitores e obter votos virou alvo da cobiça dos dirigentes partidários. São eles que, transformados em candidatos, ao fim e ao cabo reunirão os votos que determinarão o número de cadeiras que cada partido conquistará – as quais, evidentemente, serão abiscoitadas pelos mais votados, quase sempre os que já detêm mandato.

Bom, caso a gentil leitora ou o amável leitor reúna as tais condições objetivas para atrair votos, tenha efetivo potencial eleitoral e se disponha a cativar eleitores, com certeza há um dirigente partidário lhe procurando. E a primeira coisa que ele vai lhe prometer é um bom repasse de verbas do Fundo Eleitoral para custear sua campanha. Não deverá ser muito, embora o total do financiamento público para a campanha este ano seja um valor inédito: R$ 4,9 bilhões.

 

*José Carlos Teixeira é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político pela Universidade Católica do Salvador.

 

 

 

 

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