Projeto leva ensino para crianças internadas ou em tratamento

​​Foto: Arquivo/Hospital São Rafael
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A pequena Rayssa, de apenas cinco anos, teve que ser internada por algumas semanas. No período em que esteve no hospital a garotinha, já matriculada em uma escola, deu continuidade normal aos estudos, motivo de alívio para a sua mãe, a dona de casa Italmara Jesus. Isso só foi possível graças ao projeto “Classe Hospitalar”, desenvolvido no Hospital São Rafael (HSR), em parceria com a Prefeitura de Salvador.

A iniciativa consiste em levar atividades escolares ao paciente, no período em que ele estiver internado ou em tratamento domiciliar. O projeto beneficia, todos os anos, mais de 1500 crianças e adolescentes, somente no HSR. Realizado na unidade desde 2010, através de convênio firmado com a Secretaria Municipal da Educação (SEMED), o projeto está em conformidade com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e com a Política Nacional de Educação Especial, garantindo o direito de crianças hospitalizadas ao atendimento e acompanhamento pedagógico.

As atividades ocorrem em uma brinquedoteca, montada na ala de pediatria do complexo hospitalar. Os pequenos, que têm condições de sair dos leitos, participam das aulas neste ambiente cercado por gravuras e colagens desenvolvidas pelos próprios pacientes. As aulas ocorrem sempre de segunda à quinta-feira, pela manhã e pela tarde. Leitura, pintura e atividades escritas são algumas das tarefas, às quais as crianças são submetidas durante o processo de ensino, com acompanhamento de perto dos pais.

Música – A parte lúdica também está presente no projeto. Toda quarta-feira, o professor de música, Eudis Cunha, anima a garotada com aulas de canto e de instrumentos musicais. Quem não tem condições de sair dos leitos, também participa das atividades, que são planejadas e aplicadas após uma análise do quadro clínico do paciente e levando em consideração as limitações de cada um.

“A partir de um documento oficial fornecido pelo hospital, nós analisamos idade, série do futuro aluno e também o quadro clínico. Em posse dessas informações, vamos ao leito do paciente, quando também é feita uma avaliação do potencial cognitivo, para saber como pode ser o rendimento e quais são as dificuldades que o estudante pode ter durante as atividades”, afirma da pedagoga, Jucilene Machado.

Mas o tratamento não é obstáculo para o desenvolvimento das atividades. Se o aluno, por exemplo, estiver com acesso para soro e medicamentos no braço direito, os educadores estimulam o uso da mão esquerda durante a atividade, ajustando o ensino às circunstâncias dos enfermos. De acordo com a coordenadora do Serviço Social do Hospital São Rafael, Viviane Conceição, os professores elaboram ainda um relatório sobre a evolução e o desenvolvimento do aluno, durante as atividades do Classe Hospitalar. E uma das características que mais são percebidas pela equipe clínica é com relação à motivação do paciente. “O projeto possibilita a humanização do atendimento às crianças internadas. Elas saem da condição de doentes para desenvolver atividades do cotidiano, o que as tornam muito mais dispostas, disponíveis e motivadas até mesmo para o tratamento”, afirma.

Perfil do Aluno – Participam do projeto, crianças e adolescentes, a partir de quatro anos e que estejam cursando até o 9º ano, independente da idade. A participação no projeto também independe do tempo de permanência na instituição de saúde, podendo ocorrer por semanas como no caso da pequena Rayssa, ou por anos. Assim como no colégio, os estudantes também fazem atividades em datas especiais como Dia das Mães e Dia dos Pais – tudo para deixar os pequenos o mais próximo possível da realidade escolar.

Os pais ou responsáveis também ajudam na aprendizagem. Alguns levam as atividades passadas pelos professores das escolas, onde os alunos estão matriculados, para serem feitas no hospital, sob o acompanhamento dos pedagogos, e depois levam de volta para as instituições. “Há casos de alunos que foram alfabetizados no Hospital e também de paciente que teve alta médica e que evoluiu de série, após ser acompanhado pelo projeto”, afirma a professora, Lidiane Moreira.

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