Desmaios frequentes podem ser indício de problemas cardiovasculares

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Segundo cardiologista do HCor, cerca de 3,5% dos jovens e 7% dos idosos em todo o mundo sofrem síncopes sucessivas provocadas por doenças cardíacas que, muitas vezes, não são diagnosticadas. Por isso, o médico ressalta que conscientizar as pessoas sobre o assunto é fundamental, já que, com diagnóstico e tratamento adequado, é possível evitar a perda dos sentidos, prevenir acidentes e impedir futuras complicações

É comum que todos nós tenhamos ao menos um desmaio provocado pelos mais diferentes motivos ao longo da vida. Contudo, existem pessoas que enfrentam esse tipo de problema com uma frequência maior do que o normal. Em alguns casos, isso acontece em função de condições fisiológicas ou de situações bastante específicas presentes no estado de saúde do indivíduo. Em outros, a ocorrência frequente de desmaios pode estar associada à presença de problemas cardiovasculares que, muitas vezes, não são diagnosticados.

“Cerca 3,5% dos jovens e 7% dos idosos em todo o mundo costumam sofrer síncopes sucessivas por que, em muitos casos, não sabem que apresentam distúrbios como arritmias cardíacas ou alterações anatômicas no coração, por exemplo. Por isso, é fundamental conscientizar as pessoas sobre a relação entre desmaios e doenças cardíacas. Afinal, com diagnóstico e tratamento adequado, é possível evitar a perda dos sentidos, prevenir acidentes e impedir futuras complicações, decorrentes da origem do problema, como infartos e AVCs (veja abaixo)”, explica o Dr. Ricardo Contesini, cardiologista do HCor – Hospital do Coração.

Segundo o Dr. Contesini, problemas cardiovasculares provocam desmaios, quando ocasionam uma diminuição temporária do fluxo sanguíneo que passa pelo cérebro. Isso pode ocorrer em função de doenças que geram queda de pressão, diminuem a frequência cardíaca ou causam mudanças na distribuição do fluxo sanguíneo. “Em média, as síncopes ocorrem dez segundos após a passagem de sangue pelo cérebro sofrer alguma alteração.

Nesses casos, a recuperação costuma ser espontânea e sem sequelas, já que a própria queda ajuda a redistribuir o sangue na região da cabeça. Contudo, não podemos nos esquecer de que o risco é sempre muito grande, já que desmaiar subitamente pode ocasionar traumas, fraturas e até graves acidentes, caso aconteça no transito ou no meio da rua, por exemplo”, alerta o médico. “Por isso, diagnosticar as causas do problema e tratá-lo é indispensável para uma vida saudável e livre riscos”, enfatiza o cardiologista do HCor.

Sintomas – As síncopes causadas por problemas cardiovasculares podem ser reconhecidas por alguns sintomas que costumam precedê-las. Entre os principais estão: escurecimento da visão, náuseas, palpitações, tonteira, dor no peito e no estômago. “Conhecendo essas características, o indivíduo pode procurar ajuda o quanto antes”, afirma o médico. “Tal medida é necessária não só para tratar os desmaios em si, mas também para evitar futuras complicações cardíacas, já que as síncopes são uma consequência dos mesmos problemas que, posteriormente, podem ocasionar paradas cardiorrespiratórias, infartos e AVCs, como hipertensão, arritmias, malformações ou deformações no coração”, explica o Dr. Contesini.

Tipos de síncope

Síncope vasovagal – Trata-se do tipo mais comum de síncope associada ao sistema cardiovascular. O problema ocorre quando o corpo não consegue manter a pressão arterial alta o suficiente para que o cérebro possa receber todo o oxigênio de que precisa. Isso pode ocorrer em situações de muito estresse provocado por irritação ou dor.
Outras causas possíveis são por desidratação ou quando o indivíduo fica muito tempo de pé, o que também costuma provocar uma queda súbita na pressão arterial e a desaceleração da frequência cardíaca. “As síncopes vasovagais nem sempre são uma consequência direta de alguma outra doença que esteja afetando a circulação, por exemplo. Ela, em si, geralmente é uma síndrome que precisa de atenção e tratamento específico”, ressalva o Dr. Contesini, lembrando que as síncopes vasovagais são mais comuns em mulheres de meia-idade, já que 90% dos casos ocorrem entre elas.

Síncope postural – Desmaios desse tipo ocorrem quando uma pessoa que estava deitada fica em pé e, subitamente, sofre uma queda de pressão sanguínea. “Esse problema pode ocorrer em hipertensos, mas também em diabéticos ou em função de desidratação ou do uso de alguns medicamentos”, explica o médico.

Síncope cardíaca – Leva a perda dos sentidos quando o fluxo sangüíneo cerebral sofre uma diminuição causado por alterações cardíacas que interferem com a circulação sanguínea, como arritmias, problemas nas valvas, coágulos sanguíneos ou insuficiência cardíaca.

Síncope Neurológica – Têm relação com o sistema cardiovascular quando ocorrem em função de AVCs. Mas também acontece por causa de problemas, como convulsões, ataques isquêmicos transitórios e hidrocefalia. “Esse tipo de síncope afeta aspectos do indivíduo como força muscular, marcha, fala e visão. Nesses casos, a pessoa também recobra a consciência de maneira mais lenta”, explica o cardiologista do HCor.

Diagnóstico – Para diagnosticar as síncopes de maneira precisa, os pacientes precisam passar por uma avaliação médica e realizar alguns exames complementares. Entre eles estão: eletrocardiograma; ecocardiograma (ultrassom cardíaco); tilt-teste, no qual se inclina a cama do paciente em cerca de 80º para verificar a possibilidade de desmaio; e estudo eletrofisiológico. “Esse tipo de exame consiste em utilizar cateteres no coração para a avaliação do sistema elétrico cardíaco em pacientes com histórico de arritmias, entre outras doenças cardíacas”, explica o Dr. Contesini.

Tratamento – Para tratar as síncopes o primeiro passo é determinar as suas causas. De acordo com o caso, o paciente pode ser submetido a procedimentos cirúrgicos para correção cardíaca, colocação de marcapassos ou cardiodesfibriladores (CDI). No caso de quem tem arritmias, a opção é realizar ablação por radiofrequência. “Em alguns casos também é necessário abandonar o uso de medicamentos capazes de provocar desmaios. Além disso, o paciente sempre deve evitar situações que o predisponham a ter desmaios, de acordo tipo de síncope que apresenta”, Acrescenta o médico.

Cuidados gerais
. Coma de três em três horas, já que ficar sem se alimentar facilita desmaios;
. Caso sinto algum sintoma das síncopes, deite-se com as pernas levantadas;
. Pratique exercícios regulares, nos quais se possa movimentar as pernas;
. Utilize meias elásticas para não prejudicar a circulação;
. Evite aglomerações em ambientes quentes e fechados;
. Mantenha-se hidratado;

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