Empresas Rosa e São João avisam ao Ministério Público do Trabalho que querem deixar Feira de Santana

24082021065937

As empresas de ônibus que operam em Feira de Santana querem sair da cidade e, na quinta-feira (26), deixaram a intenção clara em uma audiência de conciliação no Ministério Público do Trabalho, através de video conferência. As concessionárias São João e Rosa alegam graves feridas financeiras com a atuação crescente dos clandestinos na cidade e a um desequilíbrio de contas na relação com Prefeitura.

O Protagonista teve acesso, nesta sexta (27), ao teor da reunião que contou com representantes das duas empresas, do Ministério Público, dos rodoviários e da Secretaria de Transportes e Trânsito (SMTT). Os assuntos em pauta eram o pedido de reajuste solicitado pelos rodoviários, de 10.5%, a paralisação da categoria na segunda-feira passada e a retirada de ônibus da cidade.

Os representantes das empresas, então, manifestaram o desejo de interromper o contrato de operação em Feira de Santana, ganho através de licitação, em fevereiro de 2016, com duração ainda de mais 10 anos.

“Da forma que está, preferimos sair da cidade, deixando de operar. Garantimos aos rodoviários todos os direitos trabalhistas. Temos um crédito junto à Prefeitura, já reconhecido, que pode ser usado nas rescisões, e deixaremos, também, como garantia alguns bens, se necessário”, propôs um representante de empresa.

“A clandestinidade só cresce. Em Feira tem até microônibus fazendo transporte clandestino, conforme nossos levantamentos. Além disso, a Prefeitura não vem cumprindo a cláusula de equilíbro das contas”, destaca um dos representantes das empresas. A cláusula é a seguinte: mensalmente, caso a demanda de passageiros e faturamento das duas empresas não chegue a patamar estabelecido no contrato, cabe à Prefeitura cobrir o restante. “Eles alegam que repassam mensalmente 900 mil às empresas, mas esse valor não é referente a esta cláusula. É um adiantamento sobre as gratuidades”, explica um representante de empresa.

Sobre a saída de veículos da cidade, as empresas alegam não estar causando prejuízos à operacionalidade do transporte na cidade. “A demanda está retraída em 40% desde o início da pandemia. Mesmo assim temos frota reserva. Os carros, parados nos pátios, só deterioram e causam prejuízo”, explica um representante de empresa ao Protagonista – apuramos que a Rosa tem cerca de 10% de frota reserva, enquanto a São João tem 25% de carros reservas nas garagens.

Em relação ao pedido de reajuste salarial dos rodoviários, as empresas até aceitam concedeer os 10.5% de aumento, desde que haja intensificação da fiscalização sobre os clandestinos e o equilíbrio das contas junto à Prefeitura. “Sem isso, é impossível ter reajuste. Aliás, o combate ao clandestino é bom também para a Prefeitura, porque aumentaria o fluxo de passageiros, as receitas das empresas e, consequentemente, reduziria o aporte financeiro por parte do poder público”, destaca um representante de empresa – conversamos com as duas empresas, mas os representantes pediram para não serem identificados.

Outras Notícias