O Vaticano publicou hoje (10) um relatório em que admite que as autoridades católicas já sabiam das denúncias contra o ex-cardeal Theodore McCarrick, dos Estados Unidos. Ele foi acusado de ter abusado sexualmente de menores de idade e de adultos com a conivência de diversas autoridades da Igreja.
O relatório aponta que o Papa João Paulo II foi informado, nos anos 1980, de acusações contra McCarrick, mas o indicou para postos importantes mesmo assim. De acordo com o texto, nos anos 1980 não havia “nenhuma informação com credibilidade” que indicasse má conduta de McCarrick. No entanto, o documento afirma que, em retrospectiva, as investigações do Vaticano sobre alegações contra McCarrick foram de “natureza limitada”.
McCarrick foi expulso da entidade no ano passado, depois que uma investigação do Vaticano concluiu que ele era culpado de crimes sexuais e abuso de poder. O relatório de 460 páginas (encomendado pelo Papa Francisco, em 2018) tem testemunhos de 90 pessoas, documentos, cartas e transcrições dos arquivos da Igreja.
McCarrick diz que não se lembra de ter abusado de menores e não comentou as alegações sobre suas relações com adultos. Ele tem 90 anos e vive isolado. Os dois advogados que o representaram não responderam ao pedido de entrevista da reportagem.
Quando foi eleito em 2013, o Papa Francisco tomou conhecimento de “alegações e rumores” sobre o comportamento anterior de McCarrick, de acordo com o relatório. O Papa Francisco não viu a necessidade de alterar a abordagem que havia sido adotada nos anos anteriores porque acreditou nas alegações que já haviam sido revisadas e rejeitadas pelo Papa João Paulo II.
O relatório diz que nenhuma documentação de qualquer abuso cometido por McCarrick foi entregue ao Papa Francisco antes de 2017.