Violência cresce nas pequenas cidades da Bahia e PM vai mudar uniforme da tropa

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José Carlos Teixeira*

 

Das 30 cidades mais violentas do país, cinco estão na Bahia. É o que revelam dados inéditos divulgados no final do mês passado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Até aí, nenhuma grande novidade. Afinal, a Bahia segue liderando o ranking nacional das chamadas mortes violentas intencionais (homicídios dolosos, latrocínios, feminicídios e casos de lesões corporais seguidas de morte, bem como as mortes decorrentes de intervenções policiais em serviço ou fora dele).

A novidade apontada neste recente estudo é o crescimento da violência em pequenos municípios, com predomínio rural, longe das guerras entre facções criminosas, até então mais comuns na capital e nas cidades maiores.

O estudo mostrou que 30 municípios brasileiros registraram uma média móvel superior a 100 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes – um parâmetro usado internacionalmente – entre 2019 e 2021.

Da Bahia, entraram na lista as seguintes cidades, todas da Região Sul do Estado: Aurelino Leal (com uma taxa de 144,2 homicídios para cada 100 mil habitantes), Jussari (120,9), Itaju do Colônia (111), Wenceslau Guimarães (103,3) e Santa Cruz Cabrália (102,6).

A taxa média da Bahia, em 2021, foi de 44,9 mortes para cada 100 mil habitantes – praticamente a mesma do ano anterior, que foi de 44,8. Salvador, que ocupa a segunda posição entre as capitais, registrou uma taxa de 55,6 mortes violentas para cada 100 mil habitantes, no ano passado.

A expansão da violência para as pequenas cidades evidencia o fracasso da política estadual de segurança pública, baseada no confronto e centralizada na capital e nas cidades maiores.

Nas pequenas cidades, onde praticamente não há contingente policial – e, quando há, a polícia só consegue se mover se contar com a ajuda das prefeituras para a gasolina, por exemplo –, o tráfico de drogas está se sentindo livre para se estabelecer. Com as drogas e os traficantes, vem a violência. Simples assim.

A Secretaria de Segurança Pública da Bahia, porém, contestou os dados divulgados pelo Fórum, argumentando que o ranking apresenta uma realidade distorcida, já que as cidades analisadas possuem populações pequenas, o que impacta no cálculo da taxa por 100 mil habitantes. E garantiu: o número de mortes vem caindo na Bahia.

Ah, dias antes da divulgação do estudo pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o comandante-geral da Polícia Militar da Bahia, coronel Paulo Coutinho, reuniu-se com um grupo de oficiais para discutir mudanças nos uniformes da corporação. Parece que agora vai…

 

*José Carlos Teixeira é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político pela Universidade Católica do Salvador.

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